Tecnologia

Giselle Beiguelman fala sobre arte, cidade e tecnologia

18nov

por Red Bull Station

A artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Giselle Beiguelman vem ao Red Bull Station nesta quarta-feira (18) falar sobre urbanismo open source, uma proposta de transformação urbana mais colaborativa e aberta, com o uso das redes.

A artista  digital e professora da FAU-USP Giselle Beiguelman
A artista digital e professora da FAU-USP Giselle Beiguelman

A palestra integra a programação paralela da Residência do Red Bull Basement, programa de produção, pesquisa e difusão de projetos que exploram formas colaborativas de experimentação com mídias digitais e tem curadoria de Gisela Domschke. 

Aproveitando a sua visita, fizemos quatro perguntas sobre temas que permeiam arte contemporânea, espaço urbano e tecnologia.

São Paulo parece viver um momento de querer se reapropriar de sua cidade. O que mudou dos últimos tempos para cá?
Fizemos o download da internet, como disse o André Lemos. E isso nos permitiu tomar conta da arquiterface, eu diria. A rede somos nós. O desafio agora é aprender o “Do it Yourself  With the Others”, bem mais difícil que o individualista “DIY” (Do it Yourself, Faça você mesmo). 

Na sua visão, como as tecnologias digitais podem reinventar a forma de se viver na cidade hoje?
As cidades contemporâneas foram expandidas pelas tecnologias digitais. Elas permitiram a ocupação de fachadas com telas e acesso, via aplicativos, a informações que vão do fluxo do trânsito ao mapeamento de remoções decorrentes de obras públicas. Se, ao longo dos anos 1990, os especialistas discutiam como apropriar-se das redes para tornar a cidade mais interativa, hoje, com a capilarização da tecnologia, a aposta é em como utilizá-las para interferir no cotidiano das cidades.

A discussão sobre “cidades inteligentes” cede, assim, espaço para a de cidadania, reinventando as formas de ocupar as ruas e as próprias noções de política urbana. Não se trata mais de apenas planejar e regrar o espaço coletivo, mas, sim, de como mobilizar para que essas regras sejam fluidas o suficiente para constituir e reconstituir o uso comum, conforme as necessidades do momento.

Como você vê a cultura hacker?
Na perspectiva de André Gorz que em O Imaterial definiu os hackers como os “dissidentes do capitalismo digitalismo”, aqueles que são capazes de operar na sua infraestrutura e redirecionar os seus vetores e processos.

Você participa da mostra Arquinterface, que tem obras digitais projetadas a céu aberto, no prédio da Fiesp. Na sua opinião, a arte em locais públicos como esse pode servir como um gatilho para uma nova percepção do espaço urbano?
Com certeza. O espaço urbano  é um espaço de interconexão das redes on e off-line e de suas dimensões políticas, estéticas e socioculturais. Isso nos faz entender as cidades como expandidas e espaços emergentes e de emergência. Nesse contexto, a arquinterface torna-se um lugar não de interação com telas, mas com os dados no espaço público, um lugar de participação mediada e de configuração de um novo território de partilha simbólica e de percepção dos fluxos contemporâneos.

Saiba mais sobre a palestra que acontece hoje, às 20h, no Red Bull Station. Entrada livre