Confira os selecionados para as INSTALAÇÕES FOTOGRÁFICAS da Foto_Invasão, que acontece de 19 a 26 de maio no Red Bull Station. Foram ao todo 65 projetos inscritos, dos quais 5 foram escolhidos. As instalações foram escolhidas pelo conceito expositivo, qualidade das obras, proposta de instalação, após extensa deliberação dos curadores.
Alessandro Celante – “Máscaras Impermanentes”
Aos mortos que ainda vivem e podem ser despertados. A contradição entre “o ser e o ter” foi o ponto de partida para o desenvolvimento de um projeto que ainda está a acontecer. O ter em detrimento do ser, o automatismo do acúmulo sobreposto à complexidade da experiência, enfim, a não compreensão do efêmero pelo aprisionamento dos sentidos. Usando a morte como metáfora às perdas perceptivas que o mundo contemporâneo nos impõe e a fotografia como linguagem de interlocução, o projeto “Máscaras Impermanentes” propõe uma experiência estética imersiva que começa na captação das imagens, onde os fotografados se submetem ao que metaforicamente configura um “restart” perceptivo, e pela proposta de ação expositiva onde o espaço se reconfigura e uma nova imersão é proposta aos expectadores, na forma de foto instalação.
Flavio Samelo – “par sepfinrbs”
O título da instalação pode parecer um erro ortográfico mas não é. Procuro não ter relação com nenhum signo que possa remeter a alguma coisa física, sentimento, espaço, lugar, época, nem nada que “exista”. A abstração tem que ser total. Os títulos são uma versão ortográfica do trabalho gráfico. A instalação “par sepfinrbs“ é formada por duas chapas de mdf, centralizadas, uma em cada parede. Cada uma delas tem duas fotos adesivadas, que dão o início das pinturas que seguem além do mdf pelas paredes da sala e pelas linhas que saem das paredes e se ligam aos fios e elementos da arquitetura da própria sala, como se tudo estivesse interligado de alguma forma, vindo das fotografias.
Mauricio Virgulino – “Me Fere”
As imagens, as palavras e os rasgos, uma máquina de escrever e uma pessoa. O quanto nossa imagem pode resistir ao peso das palavras? A instalação Me Fere, de Mauricio Virgulino, provoca sobre o que vale uma imagem frente à mil palavras, de julgamento, preconceito, deturpação e violência, repetindo frases que foram destinadas à pessoas reais, usando a máquina de escrever como ferramenta que fere a fotografia. E questiona, neste jogo de valores e falta de diálogo, se as teclas da máquina de escrever, como projéteis destinados às pessoas, também não provocam lesões no próprio datilógrafo.
Patricia Montrase – “Fuga”
Sempre se procura conforto em lugares do passado. Tanto físicos quanto emocionais e metafóricos. No final de um dia, uma viagem, um passeio, cabeça e corpo cansados querem voltar ao lar, doce lar. E quando ele não é doce? O chão é áspero, o ar é denso e o barulho da rua não te permite ouvir o silêncio? Repelida e estranha dentro de suas próprias paredes. Enchemos o lar de objetos, imagens e retratos de lugares e pessoas que não fazem mais parte do hoje, para que tragam o abraço perdido para o viver do agora. Os sentimentos acabam se perdendo em memórias do passado, o lugar no qual se busca o familiar e seguro, e não se acha. No lugar de conforto, encontramos prisão. Quando habitamos uma cela, tudo o que queremos é fugir.
Tommaso Protti – “Tá Cheio”
CURITIBA, BRASIL – 24 DE ABRIL DE 2015: 11º Distrito Policial de Curitiba, Estado de Paraná (sudeste do Brasil). A prisão deve funcionar como uma área de custódia da polícia onde os prisioneiros são detidos por curtos períodos antes de se mudarem para instalações de prisão maiores. No momento, a prisão tem 117 presos em celas projetadas para 20 pessoas, e algumas delas estavam lá há mais de um ano, e não um mês ou dois, como deveria ser o caso. A superlotação severa é um dos problemas mais sérios que assola o sistema penal brasileiro. A população carcerária do país é a quarta maior do mundo, depois dos EUA, da China e da Rússia, e está crescendo mais rapidamente do que em qualquer outro país. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), existem atualmente cerca de 680 mil pessoas nas prisões do país, que são projetadas para receber 300 mil. Apenas uma década atrás, o Brasil tinha cerca de 270.000 pessoas sob custódia.