Buscando ressaltar o lugar da mulher na música não só no posto de intérprete, como também na criação, produção e na composição, começa nesta sexta-feira (29) o Festival Sonora – com evento de abertura aqui no Red Bull Station. Por trás desta história iniciada em 2016, existem 23 almas femininas atuantes, divididas nas áreas de produção executiva, curadoria e produção artística, mídias sociais, identidade visual, assessoria de imprensa e audiovisual. Entre elas, figuram a produtora Roberta Youssef e Larissa Nalini, a idealizadora do projeto
“É muito bizarro que em 2017 ainda tenhamos que unir forças para levantar bandeiras das minorias em geral. Nós temos que juntar todas as forças para conseguirmos ter voz suficiente para alcançar os ouvidos de quem segue com pensamento enraizado de que o lugar da mulher na música é somente o de ‘diva’”, comenta Larissa. “O lugar da mulher é onde ela quiser.”
Em pouco tempo, a equipe já conseguiu garantir considerável expansão: em 2016, o Sonora aconteceu em 21 cidades de 6 países e, neste ano, 69 cidades de 15 pontos do mundo hospedarão o evento. “É muito emocionante estar em uma reunião de produção, olhar para o lado e ter um monte de mina incrível vibrando tanto quanto você para que esse festival chegue o mais longe possível”, comenta. “É tempo de mudança. Internamente já nos agitamos desde que nascemos aqui nesse mundo, agora é a vez de ir para fora, e já é urgente.”
Programação feminista
Em São Paulo, elas perceberam a necessidade de ampliar a discussão e abrir a pauta para que festival trouxesse informação com debates, vivências e oficinas. “É onde tudo acontece no mercado fonográfico, tínhamos que falar das outras áreas, da parte técnica, de produção musical, de assessoria, enfim, todos os lugares onde sentimos que falta a presença da mulher”, explica. Na programação, figuram discussões como “Mercado da música para mulheres instrumentistas”, “Onde estão as produtoras musicais?” e “Música além do gênero/Gênero além do tempo”, que acontecerão no Centro Cultural São Paulo.
Por aqui, por exemplo, teremos o “Minas no Estúdio”, uma oficina de produção musical comandada por Alejandra Luciani, que é assistente de engenharia de som no Red Bull Studio São Paulo. O intuito é o de mostrar às participantes selecionadas o processo de gravação de uma banda dentro de um estúdio, discutindo os fundamentos de captação de áudio e microfonação. Na ocasião, a engenheira vai registrar as canções dos paulistanos Meia Noite em Marte.
“Todas as mulheres envolvidas toparam por estarem alinhadas com o nosso discurso e quererem somar à causa”, afirma Larissa. Além das artistas convidadas, como Karina Buhr, Badi Assad, Liniker, Alzira E e Alice Ruiz, foi aberto também um edital para compositoras e, de 150 inscritas, o time de produção selecionou 12 mulheres de diferentes sonoridades que irão se apresentar durante o festival. Veja a programação completa.