Berndnaut Smilde – o artista que faz nuvens

Berndnaut Smilde é um artista holandês que trabalha com instalação, escultura e fotografia. Há cinco anos, uniu arte e ciência e tornou-se conhecido mundialmente ao recriar nuvens artificiais em espaços fechados, com o uso de vapor d’água, fumaça e luz. As esculturas flutuantes existem por apenas alguns segundos, mas a obra permanece por meio de uma série de fotografias. Além das “Nimbus”, Smilde explora em seus trabalhos outros fenômenos naturais como o arco-íris.

A convite do Mesa&Cadeira o artista esteve no Red Bull Station durante seis dias, onde liderou uma mesa e dividiu sua habilidade de hackear a natureza com um time de 12 profissionais de áreas como física, arquitetura, comunicação, nanotecnologia, urbanismo e design. Juntos eles produziram um arco-íris no centro da cidade de São Paulo:

3
Arco-íris artificial projetado por um prisma sobre edifícios no centro de São Paulo.

Em entrevista exclusiva, Smilde fala sobre sua produção:

Como surgiu este seu interesse por fenômenos naturais? 

As pessoas criaram histórias e mitos sobre os fenômenos climáticos por séculos porque não conseguiam compreendê-los. Provavelmente, é a única coisa que nós ainda não temos controle. Tem algo de inatingível na natureza que me intriga. Estou trabalhando com a ideia da nuvem e do arco-íris e o que as pessoas projetam neles. Nuvens podem ser relacionadas ao divino e à sorte mas também à confusão e ao azar. Um arco-íris pode ser visto como símbolo de perfeição e promessa, mas e se ele beira apenas o seu prédio ou se está de cabeça para baixo? O que isso significa? Muitos dos meus trabalho exploram esta ideia de dualidade.

As nuvens são um tema frequentes na sua obra. Você pode nos explicar o porquê? 

Meu trabalho com nuvens começou como uma reação ao espaço expositivo. Estava curioso para saber como seria encontrar uma nuvem dentro de um ambiente fechado. Me imaginei andando em museu vazio onde não havia nada para ver, exceto uma nuvem pairando no canto da sala. Inicialmente eu pretendia criar a imagem da “grande decepção” como um contraponto ao que se espera encontrar dentro de um museu. Como se de repente pudesse chover em você. Mas então me interessei pelo aspecto fugaz da nuvem e suas referências históricas e culturais. As ideias românticas, o sublime; a nuvem representa tanto o ideal quanto o perecível.

Qual foi sua intenção em trazê-las para espaços fechados?

Para mim o trabalho é sobre a ideia de haver uma nuvem dentro de um espaço. Pode ser interpretado como um sinal de perda ou de devir, ou apenas como fragmento de uma pintura clássica. É também a imagem do aparentemente impossível. Colocar um fenômeno natural em um contexto artificial pode ser ameaçador, como uma mensagem desconhecida.

Nimbus Sankt Peter, 2014
Nimbus Sankt Peter, 2014

Existe uma questão de temporalidade nesses trabalhos. Você pode falar um pouco sobre isso?

Sim, eu as vejo como esculturas temporárias, feitas de quase nada, equilibrando-se na beira da materialidade, uma imagem da perspectiva em um espaço vazio. As nuvens existem por apenas alguns segundos até se desmancharem. Eu gosto da impermanência do trabalho.

O que você quer provocar no espectador ?

Grande parte da minha produção explora uma ideia de dualidade. Assim como as nuvens se formam e se desfazem ao mesmo tempo, as instalações e esculturas que crio questionam a construção e desconstrução, o tamanho, a temporalidade, a  função dos materiais e os elementos arquitetônicos. Muitas das minhas obras parecem estar funcionando, mas frequentemente estão destinadas a falhar, seja pela técnica, pela física, ou com base em nossa perspectiva como espectador. A proposta é lidar com questões como a perfeição e o ideal.

E como é possível recriar nuvens?

Eu uso todos os meios necessários para criar uma ideia. As nuvens são feitas a partir de uma combinação de vapor de água, fumaça e luz.

Nós da criação coletiva | Palestra na íntegra

Convidamos Kiko Dinucci (músico e integrante do Metá Metá), Rodrigo Araújo (arquiteto e artista do BijaRi) e Thiago Carrapatoso (jornalista que colabora com o Baixo Centro) para debater sobre os meandros do coletivo em suas diferentes manifestações como âmbito de criação. A palestra aconteceu dia 25 de Março e pode ser assistida na íntegra abaixo:

Curador e artistas falam sobre a Adrenalina

A mostra Adrenalina tem a proposta de trazer um recorte do audiovisual nos dias de hoje. Nela são exibidas obras de 16 artistas de diferentes nacionalidades que utilizam novas tecnologias em sua produção e exploram os recursos narrativos e de linguagem do chamado tempo real, estratégia alternativa a edição convencional.

Segundo o curador Fernando Velázquez, emprestar o nome desta substância no título da exposição é um modo de sugerir que ainda podemos ser desafiados e surpreendidos pelas imagens, já que hoje vivemos anestesiados por elas.

Confira abaixo o vídeo sobre a Adrenalina, com falas de Velázquez e de dois artistas, Henrique Roscoe [VJ 1mpar] e Lucas Bambozzi.

A mostra fica em cartaz até 5 de maio de 2015, com entrada gratuita.
De terça a sexta-feira, das 11h às 20h. Sábados, das 11h às 19h.

Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI

De 14 de Março a 5 de Maio de 2015 o Red Bull Station apresenta a exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI, que reúne obras de artistas nacionais e internacionais e tem curadoria de Fernando Velázquez.

São eles: Chris Coleman [EUA], Donato Sansone [Itália], Henrique Roscoe [Brasil], Hugo Arcier [França], Lucas Bambozzi [Brasil], Luiz Duva [Brasil], Matheus Leston [Brasil], Mike Pelletier [Canadá/Holanda], Rick Silva [Brasil/EUA], Ricardo Carioba [Brasil], Richard Garet [Uruguay/EUA], Ryoichi Kurokawa [Japão], Santiago Ortiz [Colômbia], Semiconductor [Reino Unido], Susi Sie [Alemanha], Transforma [Alemanha/Inglaterra].

A adrenalina é um hormônio neurotransmissor que é descarregado no corpo em situações que demandam uma rápida resposta em termos cognitivos, comportamentais e fisiológicos. Ela aguça os sentidos e aumenta a capacidade do cérebro de processar informações, com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio entre o ser e o meio.

Esta exposição apresenta um recorte do audiovisual nos dias de hoje, em que vivemos anestesiados pela imagem. Emprestar, no título da mostra, o nome desta substância é um modo de sugerir que ainda podemos ser desafiados e surpreendidos por imagens. 

Os trabalhos apresentados têm em comum a utilização de programação algorítmica e de artifícios generativos, ou seja, se utilizam de sistemas ou regras que permitem o aparecimento de soluções imprevistas. São obras que exploram os recursos narrativos e de linguagem do chamado tempo real, estratégia alternativa à edição convencional de natureza aristotélica.

O interessante neste conjunto de obras está na forma particular de olhar a realidade, as coisas e as pessoas, revelando estruturas e qualidades visíveis e invisíveis a partir de perspectivas que nos solicitam condicionamentos cognitivos específicos, além da abertura ao diálogo com imaginários pouco conhecidos.

Como nos lembra Steve Dietz, todo novo meio penetra as camadas da cultura deixando um legado estrutural de base. O novo meio da fotografia trouxe um outro entendimento da estética da pintura e contribuiu para consolidar culturalmente a conjunção tempo-espaço. O novo meio do vídeo traz uma nova compreensão da estética do cinema, e junto com a TV estabelece o assimilação da ideia de tempo real. O novo meio digital muda o entendimento da arte no sentido que desloca o interesse do comportamento da forma, para a forma dos comportamentos, destacando a potência da interatividade e dos comportamentos em rede. Dos campos eletromagnéticos que nos atravessam em tempo integral (e cujo real efeito sobre o nosso corpo ainda desconhecemos), ao corpo de dados que nos conforma (possível de ser processado e manipulado por algoritmos autônomos), vivemos tempos de reconfigurações sutis da ética, da estética, da política e do território – tópicos sobre os quais propomos refletir a partir deste heterogêneo grupo de obras.

Apoio: SONY

Conheça os artistas e as obras em exibição no Red Bull Station:

Chris Coleman
Donato Sansone
Henrique Roscoe (VJ 1mpar)
Hugo Arcier
Lucas Bambozzi
Luiz duVa
Matheus Leston
Mike Pelletier
Rick Silva
Ricardo Carioba
Richard Garet
Ryoichi Kurokawa
Santiago Ortiz 
Semiconductor
Susi Sie
Transforma 

Sobre o curador:

De Montevidéu, Uruguai, Fernando Velazquez é artista multidisciplinar e vive e trabalha em São Paulo. Suas obras incluem vídeos, instalações, objetos interativos e performances audiovisuais. Mestre em Moda, Cultura e Arte pelo Senac-SP, participa de exposições no Brasil e no exterior com destaque para a Emoção Art.ficial Bienal de Arte e Tecnologia (Brasil, 2012), Bienal de Cerveira (Portugal, 2013 e 2011), Mapping Festival (Suiça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011), On_off (Brasil, 2011), Bienal do Mercosul (Brasil, 2009), Bienal de Tessalônica (Grécia, 2009), Bienal Ventosul (2009), e o Pocket Film Festival no Centro Pompidou (Paris, 2007). Obteve, dentre outros, o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Mídias Locativas Arte.Mov (Brasil, 2008), “2008, Culturas” e o Vida Artificial (ambos na Espanha, 2008). Foi curador do Motomix 2007, Papermind Brasil, Dorkbot São Paulo e do Projeto !wr?. Além da Exposição Adrenalina, atualmente está à frente da curadoria da 10ª Turma do Programa de Residência Artística do Red Bull Station, onde também é diretor de arte.

Confira a programação paralela à mostra:

Workshop com o artista Henrique Roscoe (VJ 1mpar) – 18 e 19 de Março
> Performance de Henrique Roscoe (VJ 1mpar) – 20 de Março
> Mesa Redonda com  Juliana Monachesi, Guilherme Kujawski e Roberto Cruz  – 24 de Março
> Performance “Espécie” – 15, 16 e 17 de Abril
> Workshop com Andrei Thomaz  – 28, 29 e 30 de Abril

Entrevista com Karlla Girotto

Estilista de formação, artista e pesquisadora nas áreas de artes visuais, moda e performance, Karlla Girotto coordena o grupo de pesquisa e projetos em moda e design G>E (Grupo maior que Eu), sediado no Casa do Povo. Ela é nossa primeira convidada para trazer ao Red Bull Station seu grupo de estudos e replicar as suas dinâmicas de discussão e intercâmbio de forma aberta ao público.

Seus principais eixos de pesquisa são modos de existência como produção artística e as linhas fronteiriças entre performance, moda e vida nos processos de criação e produção de subjetividades.

Para conhecer mais a fundo os questionamentos e discussões abordadas no G>E, fizemos três perguntas à Karlla acerca do grupo e de suas pesquisas sobre as fronteiras da arte, moda e performance.


COMO VOCÊ COMEÇOU O GRUPO? QUAL O FOCO DELE?

Como fazer? De que jeito produzir? Como conduzir? Foram as perguntas iniciais que o G>E (lê-se Grupo maior que eu) suscitou em todos. O G>E é um grupo de estudos que começou no meu ateliê em setembro de 2013 quando fiz uma chamada pelo Facebook para um workshop de processo criativo (que iria durar 2 meses e agora já estamos em 18 meses). Como continuar potencialmente e criativamente vivo e atuante no mundo hoje – em sistemas que não permitem –  e como dosar essas relações de entrega de processos criativos são alguns dos questionamentos e inquietações que o G>E vem investigando.

Apareceram pessoas muito preciosas, especiais e os encontros passaram a ser uma coisa muito importante para cada um que chegava ali.

Esse processo de reflexão sobre o fazer de um artista (seja de qual natureza for) começou quando eu ainda trabalhava com moda. Eu nunca me encaixei no sistema nem na linguagem da moda e foi essa minha vivência que me levou a pensar: se lá não é possível, onde é possível então? (a criação, o fazer artístico). Passei a pensar que talvez viesse embutido num modo de vida, no dia-a-dia, não precisando necessariamente significar comércio, trajetória, carreira… De alguma forma, o G>E significou uma retomada de território nesse sentido, o de confabular outras possibilidades de produção e criação que não as dadas pelos meios de produção vinculados à demandas comerciais e, desse modo,  se fortalecendo como grupo e como processo.

Eu costumo dizer que o G>E não é sobre moda e processo criativo, é, principalmente, sobre como estar no mundo hoje, quase uma clínica – no sentido de estar sempre em busca de escavar as linhas de desejo e ação junto com cada um dos participantes. Quase todo mundo que apareceu no G>E é gente que vem de um processo de desgaste muito grande com a indústria e o sistema da moda. Na tentativa de entender o que fazer com a parte criativa, se deparam com a fragilidade que é perceber o próprio meio de criação e produção contaminados, mutilando saberes e fazeres. Entender essa fragilidade e acionar a potência que aí reside exige entrega é o que temos tentado fazer de forma intensiva e extensiva – estende-se a experiência no tempo e reforça-se o fazer por meio da ação, verbo agir, sem objetivo nem expectativas delirantes de entrega de produto/produção.

Através de leituras e materiais auxiliares, constrói-se territórios e subjetividades em uma dinâmica totalmente aberta e viva que une  materializações – textos produzidos, desenhos, pinturas, roupas, bordados, vídeos, fotografia, performances, festas, jantares e tudo junto e misturado.

ESTES ENCONTROS PROMOVERAM/PROMOVEM UMA TRANSFORMAÇÃO EM VOCÊ COMO PROFISSIONAL?

O G>E trabalha em três bases: a produção de pensamento (por meio de leituras de textos e o natural deslocamento que isso provoca na maneira em que enxergamos o mundo, a política, a economia, os modos de produção); a experiência estética/poética (desvinculando a produção estética de uma entrega imediatista, mercadológica e convocando as forças de produção da potência de vida, escavando as linhas de movimentação do desejo) e a organização de práticas e recursos (para que seja possível a manutenção da produção de pensamento em conjunto com a experiência estética/poética na vida cotidiana). Impensável seria que não tivesse deslocado meus territórios na mesma medida que o dos participantes. É no G>E que eu desenvolvo o fazer de todo dia. Hoje, além dos encontros, alguns integrantes do G>E dividem ateliê comigo na Casa do Povo e assim, alguma coisa vai sendo construída, transformada – é no dia a dia que tudo acontece. 

VOCÊ PODE DISCORRER UM POUCO SOBRE COMO A MODA, A PERFORMANCE E A ARTE SE COMUNICAM? 

É em outro território que se consegue vislumbrar certa comunicação entre moda, performance e arte – a criação e manutenção de subjetividades no dia a dia, como alguém produz a si e também ao mundo. 

É sutil e explicita fenômenos comunicacionais que se dão no cotidiano, construindo dramaturgias performáticas o tempo todo – na fila do banco, no metro, nas gôndolas do supermercado. Quem veste o que e quem coreógrafa quem? Tentativas de se moldar individualidades – de que jeito, gente!? Um grande sistema de trocas visíveis e invisíveis está em operação o tempo todo, de qual individualidade e identidade então estamos falando?

Não vejo como representação de um tipo de arte e performance vinculados ao sistema da arte e sim, algo que se dá e se dilui no cotidiano, no fazer das pessoas comuns e genéricas, nada singular, nada construído como “obra” – alias, esse conceito não caberia aqui, na maneira como eu vejo essa comunicação.
_

O encontro acontece terça-feira (24/fev). A pedido da Karlla Girotto, recomendamos que os interessados leiam este texto antes do encontro.

Sujeito à lotação. Saiba mais

O programa Grupo de Estudos está previsto para acontecer uma vez por mês, às terças-feiras, no auditório do Red Bull Station.

Energia elétrica transformada em energia criativa

O Red Bull Station não tem esse nome por acaso. Antigamente o local abrigava a subestação Riachuelo que fornecia energia para os bondes elétricos da cidade. O edifício dos anos 20, tombado como patrimônio histórico pelo Conpresp, foi desativado em 2004 e passou anos fechado e esquecido. Em Novembro de 2013, após uma longa reforma, suas portas reabriram. Nascia uma nova estação, que abastece a metrópole com energia criativa.

O escritório de arquitetura Triptyque foi encarregado em devolver o prédio à cidade. O projeto de requalificação teve dois pontos importantes: respeitar a essência arquitetônica do lugar e transformá-lo em um espaço que reaproximasse o visitante ao centro de São Paulo. “Nossa grande vontade era uma reconquista da região. Criamos uma cobertura para o visitante entender e contemplar a cidade; se apropriar daquele entorno e deixar que o entorno se aproprie dele.” comenta Carolina Bueno, da Triptyque.

0112.Triptyque.RedBullStation_4497

Com a reforma, o antigo imóvel de três andares ganhou mais dois: um subsolo e uma laje. Sobre o topo, adicionaram uma estrutura, chamada folha. “Queríamos que um elemento contemporâneo viesse a existir também com o corpo histórico, no sentindo de anunciar a transformação”, explica a arquiteta. Outra intervenção em evidência é a escada externa, que acompanha as pessoas pelos cinco níveis do Red Bull Station.

A folha possui uma dupla função: de marquise, para sombreamento e proteção, e de funil, para captação da chuva. Segundo Carolina, a água era um elemento que já estava muito presente na construção original. A estação contava com um sistema único e moderno de coleta da chuva, que passava pelas tubulações e resfriava os transformadores de energia e refrigerava o ar. Esse sistema – que incluía o chafariz – foi recolocado, resgatando uma característica particular do prédio de reutilização da água pluvial.

10

Apesar do tombamento ser apenas volumétrico, ou seja, contemplar somente o seu entorno, procurou-se respeitar ao máximo a parte interna e apenas reorganizá-la espacialmente a fim de adaptar o edifício às novas funções. Os elementos arquitetônicos interessantes como as vigas, a tubulação, as portas de ferro dos ateliês e paredes com pinturas originais foram mantidos.

O empenho em preservar a essência do prédio e simultaneamente transformá-lo em um espaço contínuo de produção e difusão cultural rendeu ao projeto no ano passado o Prêmio Murilo Marx, modalidade Práticas, outorgado pelo DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) da Prefeitura de São Paulo.

35

FICHA TÉCNICA:

Arquitetura: Triptyque
Sócios: Greg Bousquet,  Carolina Bueno, Olivier Rafaëlli e Guillaume Sibaud
Coordenador geral: Luiz Trindade
Chefe de projeto: Paulo Adolfo Martins
Equipe: Pedro de Mattos Ferraz (arquiteto). Colaboradores: Thiago Bicas, Ricardo Innecco (arquitetos); Luísa Vicentini, Sofia Saleme, Priscila Fialho, Murillo Fantinati, Alfredo Luvison, Natallia Shiroma, Nely Silveira (estagiários).
Patrimônio e restauro: Arquiteta Ana Marta Ditolvo
Restauração de Patrimônio Histórico: Pires | Giovanetti | Guardia
Estrutura: Companhia de Projetos
Reforço Estrutural: Consultest
Fundações: Solosfera Consultoria em Geotecnia e Fundações
Luminotécnico: Estúdio Carlos Fortes
Projeto e Direção Geral do Estúdio de Gravação: Imar Sanmarti | Acousthink
Design de Interiores: Wado Gonçalves | Bruno G. Oshiro
Paisagismo: Hanazaki
Coordenação de Restaurante | Catering: Lelo Ramos | Gustavo Torres
Projeto Executivo de Acústica: Akkerman Projetos Acústicos
Luminotécnica: Estúdio Carlos Fortes
Gerenciamento: Jairo Gen
Prevenção e combate incêndio: Feuertec Engenharia
Elétrica e Hidráulica: Sermon Engenharia
Climatização: Systema
Áudio e Video: SVA Sistemas de Audio e Video
Climatização Studio: Fundament-AR Engenharia
Impermeabilização: Proassp
Construtor Civil e Gerenciament: Lock Engenharia
Iluminação: Lumini, Oswaldo Matos
Estruturas Metálicas: Engemetal
Bancadas concreto: Tresuno
Esquadrias Termo Acústicas: Yziplas | Rehau
Steel Layer: Ananda Metais
Realização: Red Bull do Brasil
Apoio Institucional: Secretaria Municipal de Cultura de SP

Projeto: 2011-2013
Entrega: out/2013

Red Bull Station

 

RB-AR-PE-BASE-ELEVAÇÃO 1 - FACHADA INTERNA

Red Bull Station

Conheça os novos artistas residentes

Nesta semana seis novos artistas ocuparam os ateliês do Red Bull Station e demos início a 10a edição do programa de Residência Artística, com curadoria de Fernando Velázquez.

Cezar Sperinde (RS), Ícaro Lira (CE), Lot Amorós (Barcelona/Espanha), Pedro Cappeletti (SP), Sara Não Tem Nome (MG) e Vanessa de Michelis (MG) foram selecionados por um júri formado pela curadora e artista Giselle Beiguelman, a arte educadora e artista, Sandra Cinto e o curador.

Conheça um pouco do trajeto e obra de cada futuro residente:

Cezar é de Porto Alegre, vive e trabalha entre o Rio de Janeiro, Tel Aviv e Londres. Talvez por causa de sua vida errante, o seu trabalho aponta para a busca das raízes que lhe permitam compreender seu passado e presente. A sua produção demonstra ironia, humor e absurdo, elementos que articula com precisão e dosagem na desconstrução dos estereótipos que cada cultura a que ele pertence, mesmo que transitoriamente, carrega.

O foco de pesquisa de Ícaro (foto) são os processos através dos quais eventos sociais contemporâneos ou históricos, tão diversos como a Guerra de Canudos ou a desocupação do Pinheirinho em São Paulo, atravessam as diferentes camadas do imaginário coletivo, gerando ou apagando registros na memória social e convocando-nos a nos pensarmos como indivíduos e como coletivo. Com uma metodologia de trabalho próxima da etnografia, da antropologia e da antropologia visual, dentre outras áreas das humanidades, seus trabalhos são principalmente instalações onde se apresenta em forma de arquivo o fruto das suas pesquisas e vivências.

Lot é o primeiro artista internacional que nos visita. É engenheiro da computação e artista multidisciplinar. O seu trabalho está diretamente relacionado com as novas tecnologias e em como estas podem se tornar ferramentas inovadoras na compreensão de conflitos sociais, como as guerras no Oriente médio e os fluxos migratórios, ou ainda de contextos críticos que envolvam comunidades excluídas. Em suas ações “artivistas” tem desenvolvido tecnologia em drones, como no projeto “Dronecoria”, no qual um deles dissemina sementes na floresta.

O corpo de trabalho de Pedro é formado por esculturas, desenhos, instalações e caminhadas. O seu trabalho é de alto rigor formal e às vezes parece estar resolvendo enigmas, equivalências, translações e traduções. Na sua obra o conceitual, o figurativo, o material e o invisível se retroalimentam de forma a trazer à tona o universo das estruturas que permeiam o cotidiano e seus fenômenos.

Sara Não Tem Nome olha o mundo com um filtro particular: parece navegar a realidade em busca daqueles intervalos de inconsistência lógica que nos passam desapercebidos no dia a dia – ou aos que deliberadamente damos credibilidade temporária, para lidar com o mundo de forma mais amena. Sara explora seus insightsconstruindo narrativas desde a fotografia, o vídeo, o livro de artista, a performance e a canção.

A obra de Vanessa de Michelis envolve performances sonoras e audiovisuais, instalações interativas e um conjunto de práticas híbridas e horizontais, onde a docência e a cultura DIY (Do it yourself, ou faça você mesmo) têm papel preponderante. Ela tem sido voz ativa no fomento e manutenção de espaços de convívio e intercâmbio de conhecimento (medialabs). Em muitas de suas obras acontece um fenômeno incomum, em que a audição vira a interface com o mundo, deixando a visão em segundo plano; e um sem-fim de texturas e nuances, até então pouco percebidas, passam ao primeiro plano.

Entrevista com Edith Derdyk

A artista plástica, educadora e ilustradora Edith Derdyk ministrará workshop no Red Bull Station no qual se propõe a observação de um olhar que opera entre os campos da palavra e da imagem. Tema relacionado ao trabalho e pesquisa da artista. Conversamos com ela sobre seu processo criativo, sua forma de ver e viver a arte e a proposta do curso que acontece dias 4 e 5 de Novembro:

Você explora várias linguagens – desenho, gravura, livro de artista, instalações, vídeo, fotografia – como aconteceu esse percurso?

O desenho sempre foi a matriz de meu percurso poético, espécie de plataforma para a captura do pensamento e projeções para ações no mundo. O desenho, pela sua natureza específica, é a linguagem que transita em todas as áreas do conhecimento – arte, ciência, técnica. A transitividade dessa me conduziu para a pesquisa e experimentação das interfaces, dos limites e contágios, da fricção entre as distintas materialidades, procedimentos e linguagens.

O diálogo entre a palavra e a imagem aparece frequentemente. Como esses dois universos se manifestam em sua produção?

O espaço entre a palavra e a imagem é uma questão constitutiva da natureza da palavra e da imagem. O desenho é a intersecção entre esses campos, pois tanto a palavra quanto a imagem se originaram do desenho, que ainda mantém um parentesco com a escrita e com o pensamento visual.

Além da arte ser para você uma forma de se expressar, você a enxerga também como um meio de aprendizagem, correto? Pode falar um pouco disso?

A arte pode ser considerada, do ponto de vista da educação, como o lugar natural e potente para acordar os sentidos, fundamental para a inteligibilização da sensibilidade e a sensibilização da inteligência. Arte é linguagem, é conhecimento, é aventura perceptiva que agrega saberes.

Qual a importância da pesquisa no processo criativo de um artista?

O processo criativo é fundante e fundamental para a aventura humana. É questão de sobrevivência da espécie. Ativar procedimentos criativos estabelece um vínculo profundo e estrutural com a existência, sob todos os aspectos. Se forçarmos
o território da arte, que existe porque existem artistas, e artistas existem porque existem pessoas, a questão da criação se torna matéria substantiva, que se coloca em movimento…

O workshop chama-se “escrituras do olhar: espaço entre a palavra e a imagem”. Pode discorrer brevemente sobre o tema?

O olhar é o espaço que opera entre a natureza da palavra e a natureza do imagem. O olhar é a linha que intersecta, conecta, costura, refaz, relaciona, associa, desfaz, aproxima ou distancia esses dois campos que são ativados de maneira que se coloca esta questão: “como das palavras nascem imagens e das imagens nascem palavras”.

Qual a proposta do curso? O que você espera dos participantes?

A proposta deste encontro é justamente potencializar o espaço de contágio e rotação que existe entre a natureza da palavra e da imagem. Para isso, iremos motivar procedimentos, proposições, reflexões e projeções através de textos e imagens, para agenciarmos produções poéticas.

O WORKSHOP:

Estes encontros terão como foco a observação de um olhar que opera entre a palavra e a imagem. O ponto de partida será sempre a leitura de alguns fragmentos de livros, tais como: Palomar, de Ítalo Calvino; A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector; O partido das coisas, de Francis Ponge e Livro de Areia, de J.L.Borges; e poemas de João Cabral de Melo Neto. São textos que estimulam algumas motivações e formulações poéticas, anunciando possibilidades de construção do olhar como gerador de múltiplos significados. O workshop pretende proporcionar um trânsito entre distintas técnicas, linguagens, recursos e procedimentos gráficos: desenho, fotografia, poesia visual, colagem, vídeo, livro de artista.

PARA PARTICIPAR:

Os interessados devem enviar até 24 de Outubro uma carta de intenção de no máximo um parágrafo descrevendo o interesse em fazer este curso e um breve histórico sobre sua formação. Para: [email protected] com o assunto “Inscrição para workshop”. Serão selecionados 20 participantes. O resultado será divulgado dia 28 de Outubro. Workshop gratuito.

Workshop com Edith Derdyk: Escrituras do Olhar

A artista realiza encontros que terão como foco a observação de um olhar que opera entre a palavra e a imagem. O ponto de partida será sempre a leitura de alguns fragmentos de livros, tais como: Palomar, de Ítalo Calvino; A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector; O partido das coisas, de Francis Ponge e Livro de Areia, de J.L.Borges; e poemas de João Cabral de Melo Neto. São textos que estimulam algumas motivações e formulações poéticas, anunciando possibilidades de construção do olhar como gerador de múltiplos significados.

O workshop pretende proporcionar um trânsito entre distintas técnicas, linguagens, recursos e procedimentos gráficos: desenho, fotografia, poesia visual, colagem, vídeo, livro de artista.

INFORMAÇÕES: 

Data: 4 e 5 de Novembro, das 18h00 às 22h30
Capacidade: 20 pessoas
Inscrições: Até 24 de Outubro

Os interessados devem enviar uma carta de intenção de até um parágrafo descrevendo o interesse em fazer este curso e um breve histórico sobre
sua formação para: [email protected] com o assunto “Inscrição para workshop”.

O resultado será divulgado no site dia 28 de Outubro.