Hackers e artistas trocam conhecimentos durante residências

Por Patrícia Colombo

Quem visita o Red Bull Station durante este período do ano cruza com turmas aparentemente distintas que ali estão trabalhando seus projetos: são eles os desenvolvedores que participam da Residência Hacker e os selecionados do primeiro grupo de 2017 da Residência Artística. Acontece que, embora um grupo tenha foco mais direcionado na aplicação funcional de seus conceitos enquanto outro transita mais pelo campo abstrato das ideias, a integração se vê possível no decorrer dos dias com o escambo de conhecimento em prol do avanço dos trabalhos pessoais.

A artista Flora Leite, por exemplo, contou com o auxílio de alguns dos integrantes do Red Bull Basement quando um de seus projetos, “Lesma”, esbarrou na eletrônica. “Como eu precisava de um sistema para que a peça se movimentasse, o pessoal me ajudou muito. No final, a troca acabou sendo bastante divertida já que a parte eletrônica do projeto foi mesmo construída a partir do conhecimento deles, e aprendi muito”, comenta.

Camille Laurent e Stefanie Egedy integram a 13ª turma da Residência Artística // Crédito: Lost Art/Red Bull Content Pool
Camille Laurent e Stefanie Egedy integram a 13ª turma da Residência Artística // Crédito: Lost Art/Red Bull Content Pool

O caso do coletivo formado pela designer de luz Camille Laurent e pela designer de som Stefanie Egedy é ainda mais específico. Juntas, elas investigam a suspensão, ainda que momentânea, do controle físico e mental por meio da espacialização da luz e do som. Com esse intuito, criam instalações e performances que exploram o uso de movimentos sonoros e luminosos. Assim, usando a tecnologia como ferramenta dentro da arte, elas contam que, antes de entrar na Residência Artística, reforçaram o interesse em fazer parte da primeira turma de selecionados justamente porque a permanência no local coincidiria com a da turma da Residência Hacker.

“Foi primordial porque trabalhamos com tecnologia, mas não somos da área técnica embora tenhamos uma base de conhecimento”, comenta Camille. “Desde o primeiro dia explicamos nossas problemáticas e eles nos ajudaram demais. E foi tudo bem natural, criamos uma relação de trabalho e de amizade.” Stefanie complementa: “A gente realmente queria muito estar com eles porque de fato várias dúvidas pontuais surgiriam e esse acesso ao conhecimento seria muito mais fácil. E ver também a forma como eles trabalham me impactou bastante. Notar um metal que uso para fazer som sendo utilizado por eles para fazer um motor, por exemplo… Ter essa noção de que as ferramentas muitas vezes são iguais”.

A recíproca é verdadeira
“A gente ajuda com o conhecimento técnico mais tecnológico, mas a turma da Residência Artística também nos auxiliou muito em outros aspectos, como conhecimentos sobre materiais como resina e fibra de vidro”, conta Alisson Claudino. Junto ao amigo Cristthian Marafigo, ele trabalha na elaboração do Micro Aerogerador, um sistema eletromecânico, cuja energia cinética do vento, ao atravessar a hélice de uma turbina eólica, é transformada em energia mecânica no eixo do rotor, que por sua vez é transformada em energia elétrica. Esta energia pode ser utilizada imediatamente ou armazenada em baterias.

Marina de Freitas, que divide o projeto Tecnologia Cidadã por Meio de Estações Metereológicas Modulares com Leonardo Sehn e Jan Luc Tavares, também pontua a importância da troca entre áreas. “Uma das dificuldades que estávamos tendo era a de construir uma estrutura de sustentação que fosse acessível e com materiais que estivessem ao alcance. E a Flora foi uma pessoa que nos ajudou muito com esse lado da pesquisa, indicando, inclusive, boas lojas para encontrar esses itens, que vendiam desde parafusos a máquinas”, diz. “Certamente demoraríamos mais no desenvolvimento do projeto não fosse a ajuda dela nos explicando alguns conceitos de materiais.”

“Estar com tantas pessoas que pensam diferente da gente é interessante para dar a chance que as coisas aconteçam até de uma forma que não esperaríamos”, reflete Marina, destacando que ainda a existência de perfis distintos mesmo dentro de sua própria área. “Por ser uma residência que desenvolve projetos de código aberto, acredito que o Basement atrai tipos diferentes de desenvolvedores de tecnologia porque lidamos com algumas questões mais lúdicas em determinados momentos. Aqui dentro, por exemplo, temos uma grande diversidade considerando que a Meyrele [Nascimento] é do design, o Saulo [Jacques] é da biologia e o Rainer [Grasmann] é da arquitetura.”

Turma da Residência Red Bull Basement de 2017 //Crédito: Felipe Gabriel/Red Bull Content Pool
Turma da Residência Red Bull Basement de 2017 // Crédito: Felipe Gabriel/Red Bull Content Pool

 

Festival Red Bull Basement: palestras terão transmissão ao vivo

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Três das palestras que rolarão durante o Festival Red Bull Basement serão transmitidas ao vivo diretamente do Red Bull Station. O evento acontece neste sábado (2), das 11h às 20h, abordando o tema Tecnologia e Sociedade, com exposição, conversas e oficinas.

“Vivendo Dentro da Máquina: Como Sobreviver à Datacracia do Futuro”, “Litro de Luz: Iluminando o Mundo, uma Garrafa de Cada Vez” e “O Futuro das Manufaturas Distribuídas” poderão ser vistas por meio da página oficial do Red Bull Station no Facebook.

Veja abaixo os detalhes e os horários de cada uma das conversas. Para acessar a programação completa do evento, clique aqui:

11h30 às 12h40 – “Vivendo Dentro da Máquina: Como Sobreviver à Datacracia do Futuro”
Com Luli Fadherer, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA da USP e consultor para projetos de inovação digital.
Datacracia é o regime político cada vez mais baseado em dados, sensores e analytics, que muitas vezes causa problemas e miopias geopolíticas. Um exemplo é a operação do metrô de Londres estar nas mãos da Microsoft, que usa os dados obtidos para fins comerciais. A palestra vai abordar os riscos da manipulação de dados e o que isso significa.

14h às 15h10 – “Litro de Luz: Iluminando o Mundo, uma Garrafa de Cada Vez”
Com Laís Higashi, presidente da ONG Um Litro de Luz, que leva energia elétrica a comunidades que vivem sem luz.
Ela vai contar como o movimento, que já alcança mais de 20 países, utiliza garrafas PET e energia solar para iluminar as casas de comunidades de todo o mundo.

15h35 às 16h45 – “O Futuro das Manufaturas Distribuídas”
Com Jorge Lopes, doutor pela Faculdade de Engenharia Química da Unicamp.
O panorama atual e perspectivas futuras dos sistemas de manufatura aditiva e escaneamento 3D, que transformam a prática de designers, engenheiros e artistas, é tema da palestra de Jorge Lopes. A democratização e disseminação dos meios tecnológicos através de sistemas abertos, bem como as novas tecnologias que impactam a qualidade de vida e a longevidade, também serão abordadas.

 

Festival Red Bull Basement: programação completa

Festival Red Bull Basement
Festival Red Bull Basement retorna em sua terceira edição focado em Tecnologia e Sociedade, depois de explorar o tema “Reprogramar a Cidade” na edição de 2016. No sábado, dia 2 de setembro, o Red Bull Station promove o evento das 11h às 20h, com uma série de palestras e oficinas, além de uma exposição que aborda como projetos inovadores podem solucionar diversas questões sociais.

O modo como a tecnologia é capaz de ajudar no desenvolvimento democrático e maior participação popular, as ferramentas usadas para essa descentralização e os exemplos inovadores de cidadãos que tomam parte na gestão de assuntos de interesse público são os tópicos nortearão a edição de 2017.

Um dos destaques entre os palestrantes é Luli Fadherer, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA da USP e consultor de projetos de inovação digital. Ele vai falar a respeito da datacracia, o regime político cada vez mais baseado em dados, sensores e analytics, que usa informações pessoais para fins comerciais.

Aprender a usar o Arduino para criar um sistema de irrigação automatizada de hortas urbanas e construir um mobiliário urbano coletivamente estão entre as oficinas que serão oferecidas gratuitamente. Mais uma vez, haverá o Café Reparo, ponto de encontro de quem deseja consertar equipamentos ou dar novos usos a eles. A ideia é também interromper o ciclo de descarte.

Na programação também está prevista a apresentação dos projetos dos participantes da terceira edição da Residência Hacker. Durante dois meses os residentes selecionados ganham auxílio para desenvolverem seus projetos cujo objetivo final é resolver questões urbanas e deixar um legado para a sociedade.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

• PALESTRAS
11h30 às 12h40 – “Vivendo Dentro da Máquina: Como Sobreviver à Datacracia do Futuro”
Com Luli Fadherer, professor-doutor de Comunicação Digital da ECA da USP e consultor para projetos de inovação digital.
Datacracia é o regime político cada vez mais baseado em dados, sensores e analytics, que muitas vezes causa problemas e miopias geopolíticas. Um exemplo é a operação do metrô de Londres estar nas mãos da Microsoft, que usa os dados obtidos para fins comerciais. A palestra vai abordar os riscos da manipulação de dados e o que isso significa.
Entrada gratuita.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/372

14h às 15h10 – “Litro de Luz: Iluminando o Mundo, uma Garrafa de Cada Vez”
Com Laís Higashi, presidente da ONG Um Litro de Luz, que leva energia elétrica a comunidades que vivem sem luz.
Ela vai contar como o movimento, que já alcança mais de 20 países, utiliza garrafas PET e energia solar para iluminar as casas de comunidades de todo o mundo.
Entrada gratuita.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/373

15h35 às 16h45 – “O Futuro das Manufaturas Distribuídas”
Com Jorge Lopes, doutor pela Faculdade de Engenharia Química da Unicamp.
O panorama atual e perspectivas futuras dos sistemas de manufatura aditiva e escaneamento 3D, que transformam a prática de designers, engenheiros e artistas, é tema da palestra de Jorge Lopes. A democratização e disseminação dos meios tecnológicos através de sistemas abertos, bem como as novas tecnologias que impactam a qualidade de vida e a longevidade, também serão abordadas.
Entrada gratuita.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/374

17h às 18h10 – “Empreendedorismo, Hardware e Impacto Social”
Com Anielle Guedes, fundadora e CEO da Urban3D.
Empreender em hardware no Brasil não é das tarefas mais fáceis. Anielle vai falar sobre esse processo, tendo como pano de fundo a história da Urban3D, uma startup que busca atingir o estado da arte na construção civil. Os benefícios e as dificuldades de se trabalhar na área também serão abordados.
Entrada gratuita.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/386

18h25 às 20h – Apresentação dos Projetos Residentes da 3ª Residência Hacker.
Entrada gratuita.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/376
Lotação: 100 pessoas
Local: Auditório

• OFICINAS
Synth Intro: Atari Punk Console
A portabilidade das novas tecnologias tem também modificado a forma como utilizamos o espaço público para o lazer. Atualmente, podemos criar equipamentos portáteis que promovem novas formas de fazer música e ocupar novos espaços na cidade. A ideia desta oficina é montar um oscilador/sintetizador Atari Punk Console com sensor de luz para modular a frequência gerada. Esse circuito serve como porta de entrada para o mundo dos sintetizadores analógicos. É hackeável e versátil.
Vagas: 15
Carga horária: 11h às 13h.
Facilitação: Mauricio Jabur.
Local: Ateliê Analógico.
Entrada gratuita
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/377

Uso de Arduino para Irrigação Automatizada de Hortas Urbanas
Esta oficina visa potencializar a emancipação das pessoas através automatização da irrigação de hortas urbanas. O objetivo é montar e projetar o próprio sistema de controle e monitoramento da irrigação utilizando a plataforma Arduino. Além de hortas urbanas, esse sistema pode ser usado em iniciativas de agricultura urbana de médio porte. O caráter acessível e adaptável da plataforma Arduino permite que o sistema possa ser adaptado às necessidades específicas de cada usuário, ou seja integrado a outras técnicas, como a captação da água de chuva e o monitoramento climático local.
Vagas: 15
Carga horária: 11h às 17h.
Facilitação: Saulo Jacques e Marina Freitas.
Local: MakerSpace.
Entrada gratuita
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/378
*Obs.: os participantes precisam trazer seu notebook.

Workshop de Design Paramétrico
Neste workshop os participantes conhecerão o processo de parametrização, criação e produção de mobiliário para corte em CNC Router. Também farão a montagem de um banco que ficará exposto no prédio. O workshop será ministrado pelo Studio dLux.
Vagas: 15
Carga horária: 14h às 15h30.
Facilitação: Studio dLux
Local: Galeria Principal
Grátis.
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/380

Café Reparo
Projeto de difusão da cultura hacker, que tem como objetivo estimular a curiosidade para descobrir como as coisas funcionam. Com o objetivo de interromper o ciclo do descarte e retomar ou dar novos usos a equipamentos existentes, o Café Reparo vai ser ponto de encontro de pessoas, coletivos e utilizadores de computadores, mobiliário e equipamentos elétricos e eletrônicos, interessados em reparar seus objetos e equipamentos e também aprender a fazer pequenos reparos, aumentando a vida útil de objetos considerados descartáveis.
Horário: 11h às 20h.
Local: Galeria Principal.
*Obs.: Não é necessário inscrição. É só trazer seu objeto para conserto!

• OFICINAS – PRÉ-FESTIVAL
Workshop e Execução de Fabricação Digital para Mobiliário Urbano*
Workshop de fabricação digital para mobiliário urbano, que será produzido pelo maker Forest CNC. Serão três encontros, onde os participantes terão um introdução a novas tecnologias de corte, aprenderão a desenhar o mobiliário e os construirão no terceiro encontro. Com Studio dLux.
Vagas: 15
Horário: 18h30 às 22h30.
Data: 28, 29 e 30/8
Local:
Galeria Principal
Entrada gratuita
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/380
*Obs.: Os alunos precisam ter domínio em AutoCAD ou Corel e deverão trazer seus notebooks no segundo e terceiro dias.

Olhar do Toque: Construindo mapas Táteis para Pessoas com Deficiência Visual
Nesta oficina construiremos um mapa tátil em grupo. Serão abordados temas como a colaboração da cultura faça-você-mesmo no desenvolvimento desses projetos, conceitos da tecnologia assistiva e a construção de diversos mapas táteis, passando por método artesanais à impressão 3D e corte a laser. Durante o festival os mapas serão exibidos no Red Bull Station, onde serão mantidos como legado.
Data: 01/09
Vagas: 16
Carga horária: 14h às 18h.
Facilitação: Marcos Oliveira, fundador da plataforma MeViro.
Local: Ateliê Analógico.
Entrada gratuita
Inscrições pelo link: https://tickets.redbull.com/landingpage/371

A oficina será detalhada e dividida em três fases:

Fase 1: Apresentação e Conceitos
– Apresentação dos conceitos de Tecnologia Assistiva;
– Como o mundo maker e a cultura do faça-você-mesmo podem contribuir para construção de soluções para pessoas com deficiência;
– Relato de uma pessoa com deficiência visual sobre seus problemas com mobilidade;
– Apresentação de conceitos sobre mapas táteis;
– Apresentação de diferentes mapas táteis.

Fase 2: Mão na Massa
Para este momento, a ideia é que os participantes sejam divididos em grupos de 3 ou 4 pessoas. Cada grupo vai ser responsável pela construção de um mapa tátil. A sugestão é que sejam feitos quatro modelos de mapas táteis.

– Na primeira fase, serão feitos mapas que utilizam materiais de baixo custo (papelão e palitos de dente) e que podem ser feitos por qualquer pessoa;
– Na segunda fase, serão feitos mapas que utilizam os métodos atuais de prototipagem rápida, como impressão 3D e a cortadora a laser.

Fase 3: Apresentação/Entrega dos Mapas e Cadastro na plataforma MeViro
A ideia é fazer uma apresentação dos mapas e dificuldades sentidas na construção. A pessoa com deficiência visual que estiver participando vai poder testar o mapa e dar sua opinião sobre os modelos criados. Ao final da oficina, os projetos serão cadastrados na plataforma MeViro para que outras pessoas consigam replicá-los onde quer que estejam.

• EXPOSIÇÃO
Exposição dos protótipos desenvolvidos pelos residentes da 3ª Residência Hacker.
Local: Galeria Transitória
Projetos:
1) Micro Aerogerador;
2) Tecnologia Cidadã por meio de estações meteorológicas modulares;
3) Flux;
4) ClimoBike;
5) Horta vertical automatizada.

 

Integrante da Residência Artística, Flora Leite estreia exposição

Junto aos artistas João GG, Renato Pera, Rodrigo Arruda e Yuli Yamagata, Flora Leite, uma das selecionadas para a 13ª turma da Residência Artística do Red Bull Station, estreia exposição no Oficina Cultural Oswald de Andrade neste sábado (12). Intitulada “Disfarce”, o trabalho, que conta com curadoria de Leandro Muniz, fica exposto até 31 de outubro.

“Antes de se definir como um tema propriamente, a noção de disfarce vem das operações e procedimentos destes artistas: ocultamentos e revelações, materiais que simulam a aparência e o desempenho de outros materiais, formas de representação que se comportam como seus referentes, obras que mimetizam o espaço onde estão ou se camuflam nele”, afirma comunicado oficial da exposição.

"Fascinação", trabalho de 2014 da artista Flora Leite
“Fascinação”, trabalho de 2014 da artista Flora Leite

Flora conta que inicialmente Leandro tinha interesse em aliar uma série anterior da artista, intitulada “Fascinação” (2014). “É um trabalho com cristais produzidos no meu ateliê com materiais vulgares que parecem muito refinados e valiosos. Mas resolvi pensar em um projeto específico para a exposição” explica a artista.

“Costumo trabalhar muito com as especificidades dos espaços e, nesse caso, o chão ali tem uma característica muito proeminente, um piso laminado com imitação de madeira. Fiquei olhando para ele com incômodo e, a partir disso, pensei em fazer um taco idêntico ao taco do chão com o intuito que ele se movesse.” O trabalho chama “Lesma” entre outros motivos devido à cor do chão, um bege claro com algumas variações. “Uso procedimentos miméticos para comentar o espaço, sem julgamentos”, diz Flora.

Para chegar no resultado que queria, no entanto, esbarrou no pouco conhecimento que tinha em eletrônica. Foi então que, dividindo o espaço do Red Bull Station, acionou uma outra equipe que aqui se encontra para produzir seus projetos: os residentes do Red Bull Basement. “Como eu precisava de um sistema para que a peça se movimentasse, o pessoal me ajudou muito. No final, a troca acabou sendo bastante divertida já que a parte eletrônica do projeto foi mesmo construída a partir do conhecimento deles, e aprendi muito.”

Nascida em 1988, a artista vive e trabalha em São Paulo e é formada em Artes Visuais pela ECA-USP. Sua pesquisa tenta compreender os parâmetros pelos quais nossa relação cotidiana com os objetos, paisagens e imagens foi construída: acatar a sujeira das coisas para testar até que ponto se pode conviver com elas, dizer alguma coisa delas, apesar delas.

Serviço
Onde: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro)
Quando: Abertura em 12 de agosto,  das 14h às 18h; visitação de segunda a sexta das 9h às 22h; sábados das 10h às 18h. Até 31 de outubro

 

 

Conheça os artistas que participam da 13ª Residência Artística

Em 2017, foram selecionados artistas para a 13ª e 14ª turmas da Residência Artística do Red Bull Station. A primeira leva de criativos se encontra desde o dia 1 de agosto em ação no espaço, permanecendo por ali até 2 de setembro.

Aline Motta, o coletivo formado por Ariana Miliorini, Gustavo Paim e Raquel Krugel, o duo composto por Camille Laurent e Stefanie Egedy, e os artistas solo Flora Leite, Henrique Detomi e Laura Andreato foram selecionados pelo júri que apostou em dar vazão a pesquisas com pouca visibilidade ou repercussão nos diversos circuitos que compõem a paisagem da arte contemporânea na cidade.

“Ancorados em combinações pouco ortodoxas, procuramos com essa seleção contribuir para a expansão e o diálogo entre os diferentes campos da criação”, anunciaram Bruno Palazzo, Fernando Velázquez e Raphael Escobar. Conheça abaixo o trabalho de cada um deles.

Aline Motta
Nasceu em Niterói (RJ), mas vive e trabalha em São Paulo. Combina diferentes técnicas e práticas artísticas, mesclando fotografia, vídeo, instalação, arte sonora, colagem, impressos e materiais têxteis. Sua investigação busca revelar outras corporalidades, criar sentido, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência. Em 2017, participou da exposição “Modos de ver o Brasil” com curadoria de Paulo Herkenhoff, Thais Rivitti e Leno Veras.

Série "Varal do meu Vizinho", de Aline Motta
Série “Varal do meu Vizinho”, de Aline Motta

Coletivo Ariana Miliorini/Gustavo Paim/Raquel Krugel
Trio de multiartistas inseridos no circuito de música eletrônica experimental e underground. Como coletivo, suas pesquisas se convergem nas situações limite da escuta, instalações e site-specifics de arte sonora e na relação entre som, espaço e tempo.

"Totem Sonoro", de Raquel Krugel
“Totem Sonoro”, de Raquel Krugel

Coletivo Camille Laurent e Stefanie Egedy
Juntas desde 2016, a designer de luz Camille Laurent e a designer de som Stefanie Egedy investigam a suspensão, ainda que momentânea, do controle físico e mental por meio da espacialização da luz e do som. Com esse intuito, criam instalações e performances que exploram o uso de movimentos sonoros e luminosos.

Performance do duo Camille Laurent e Stefanie Egedy
Performance do duo Camille Laurent e Stefanie Egedy

Flora Leite
Nascida em 1988, a artista vive e trabalha em São Paulo e é formada em Artes Visuais pela ECA-USP. Sua pesquisa tenta compreender os parâmetros pelos quais nossa relação cotidiana com os objetos, paisagens e imagens foi construída: acatar a sujeira das coisas para testar até que ponto se pode conviver com elas, dizer alguma coisa delas, apesar delas.

"Gozadinha", de Flora Leite. Pingo de led e mangueira
“Gozadinha”, de Flora Leite. Pingo de led e mangueira

Henrique Detomi
Graduou-se em Artes Plásticas na Escola Guignard/UEMG, em Belo Horizonte/MG. Como um artista que caminha, Henrique representa em suas pinturas paisagens sempre adicionando determinados objetos ou estruturas irreais. Participa de diversas mostras coletivas e individuais desde 2008.

Sem título, Henrique Detomi. Óleo sobre tela
Sem título, Henrique Detomi. Óleo sobre tela

Laura Andreato
Nascida em São Paulo em 1978, a artista vive e trabalha na capital paulista também como educadora. É mestra em Poéticas Visuais pela ECA-USP e graduada em Artes Visuais pela mesma instituição. Dentre as exposições de que participou, destacam-se as mostras Le Royale (La Maudite, Paris, 2014); Deslize (MAR,Rio de Janeiro, 2014); e Como Pintar Picos Nevados ( Ateliê 397, São Paulo, 2013). Participou de residências na Cité des Arts (Institut Français, 2014) e na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2006). Foi contemplada pelo edital do Proac Artes Visuais (2012, 2008) e ganhou o prêmio aquisição da Mostra de Exposições do Centro Cultural São Paulo (2004).

"Vert Paradis", de Laura Andreato. Registro fotográfico de ação artística
“Vert Paradis”, de Laura Andreato. Registro fotográfico de ação artística