Música Imigrante


De dentro do estúdio vem um burburinho. Na primeira vez você não consegue compreender qual língua aqueles seis homens, tão diferentes entre si, estão conversando. Entre batuques e gritos finalmente o português ressalta, com o sotaque especial de gringo que de longe reconhecemos. Mas esses caras não são gringos, certo? Esses caras tem um pouco de São Paulo dentro de si e são esses imigrantes que transformam São Paulo nessa coisa que acontece nos nossos corações.Aqui é o lugar certo para se estar, se não pode (ou nem quer!) ficar em casa. Não que ela se transforme em um lar, mas se adapta. Mas o que é a Sampa a cabeça de quem vem de fora? É isso que a série Música Imigrante vem mostrar.

São Paulo é movimento, sempre. Movimento e barulho. Nisso todos concordam. O bonito é ver como esses músicos compreendem os ruídos da cidade como música. Como reconhecem em cada bairro o som que vem de dentro e se encaixam ali. O uruguaio Jorge Peña se encontrou em Pinheiros e no silêncio que consegue encontrar nas praças e no verde. O americano Victor Rice e o português João Fonseca gostam mesmo é do centro, do caos, das feiras de rua e vida noturna, enquanto o cubano Pepe passeia apaixonado pela Rua Teodoro Sampaio e todos os sons que saem das lojas de música.

São seres muito musicais, então, o assunto não poderia variar. Quando perguntamos que som vem de dentro de São Paulo, o samba é a estrela. “Não posso ficar nem mais um minuto com você”, cantarola Pitschú, o angolano-alegria enquanto conta que essa música sempre vem à cabeça. “Tem de todos os ritmos, mas, no fundo, o samba ecoa forte. Queria aprender a tocar pandero, mas é fato que nenhum cubano consegue”, Pepe lamenta. O Victor não tem dúvidas de que só aprendeu a ser preciso quando tocou pagode.

Mas tudo muda quando se chega na cidade e os sons de todos os imigrantes se misturam. Quando os ritmos de outros lugares se encontram e a magia acontece. Um pouco dessa magia foi feita no Red Bull Studios, em São Paulo. Esses novos paulistanos juntaram as frequências diferentes para criar uma jam cheia de suíngue que representa a cidade na cabeça deles. Conheça um pouco mais sobre esses músicos e a faixa que eles criaram juntos, no improviso. A homenagem é para São Paulo, ou Gotham Citycomo João gosta de chamar – mas quem ganha o presente somos nós.

Ouça a jam produzida pelos músicos imigrantes no Red Bull Studios!

Arte | Território: artistas ocupam o centro de SP

O centro de São Paulo não carrega apenas parte importante da história e memória da cidade, ele é (e sempre foi) berço de diversas expressões criativas. Em outubro de 2013, a antiga subestação de energia Riachuelo, localizada entre as avenidas 9 de Julho e 23 de Maio e vizinha ao Terminal Bandeira, reabriu as portas com um novo propósito. Nascia o Red Bull Station, um espaço dedicado à criatividade.

Mas não estamos sozinhos e o número de vizinhos vem crescendo. Nos últimos anos, o centro tem sido cada vez mais ocupado por artistas, galerias, espaços de arte e centros culturais, tornando-se um terreno fértil para troca, criação e novidades.

Em homenagem aos 462, lançamos o documentário ARTE | TERRITÓRIO que retrata os desafios e inspirações da cena artística na região central. “Os projetos que existem no centro hoje são experimentais e estão de fato descobrindo o local. Não há exploração comercial. Esses espaços no centro querem explorar, experimentar, provocar”, explica Fernando Velázquez, curador do Red Bull Station.

phosphorus
Phosphorus

Com doze minutos de duração, o curta inclui ainda relatos dos artistas Felipe Morozini, Luciano CortaRuas, as galeristas Maria Monteiro, Fernanda Brenner, o arquiteto e crítico de arte Guilherme Wisnik e a arquiteta e urbanista Paula Santoro.

Confira o guia sobre as galerias, espaços e artistas que permeiam o centro da capital.

Estúdio Lâmina
O Estúdio Lâmina é um espaço cultural que é de tudo um pouco: galeria, estúdio e casa. Lá eles acolhem diversas residencias artisticas que vão desde música, fotografia e cinema até dança, moda e circo.
Av. São João, 108, Centro

Felipe Morozini
Além de artista, Morozini é ainda diretor da Associação Parque do Minhocão, organização social que defende que o Elevado Presidente Costa e Silva se transforme numa área de lazer para a população da cidade. Morozini mora no Minhocão e seu trabalho tem forte relação com o centro paulistano. Entre seus trabalhos mais conhecidos está a performance “Jardim Suspenso da Babilônia”, na qual, junto de 21 amigos, ele pintou flores de cal em toda a extensão do Elevado Costa e Silva em 2009.

Pivô © Salvador Cordaro
Pivô © Salvador Cordaro

Pivô
O Pivô, localizado no Edifício Copan, no centro de São Paulo, foi fundado em 2012 e desde então recebe diversas exposições, worshops, palestras e experimentações artísticas sobre arte, arquitetura, urbanismo e muito mais. Vale a visita!
Av. Ipiranga, 200, bloco A, Loja 54, República

Tag Gallery
Curte arte urbana? Então você não pode deixar de visitar a Tag Gallery. O espaço, localizado em um prédio antigo no centro de São Paulo, é dedicado ao desenvolvimento da street art em São Paulo e sua conexão com artistas do mundo inteiro.
R. Líbero Badaró, 336, 3º andar, Centro

Phosphorus
O Phosphorus, idealizado por Maria Monteiro, é um espaço independente de arte experimental, com foco em residência artística e crítica dos processos. Ele fica em nada menos que na primeira rua de São Paulo, ao lado do Pateo do Colégio, o Marco Zero da cidade.
R. Roberto Simonsen, 108, Sé

Confira o nosso especial São Paulo 462 Anos