Academia para inovadores sociais ocupa o Red Bull Station com atividades abertas ao público

No início de dezembro acontece a Red Bull Amaphiko Academy, evento que faz parte da plataforma global com foco em empreendedorismo social. Durante oito dias, 15 jovens inovadores que usam seus talento, energia e criatividade para transformar suas realidades se encontrarão aqui para trocar conhecimento e experiências, enquanto o público poderá participar de atividades gratuitas.

De 4 de dezembro a 30 de janeiro, a galeria principal do Red Bull Station abriga a exposição Viva os Catadores, primeira mostra de Martha Cooper, importante fotógrafa da cena de street art mundial. Idealizada em parceria com o Pimp My Carroça, projeto do artista Mundano, a exposição traz imagens de catadores pelo Brasil e pelo mundo.

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Foto de Martha cooper

No dia 5,  a partir das 14h, o público poderá acompanhar intervenções feitas nas ruas da região central pelos grupos Acupuntura Urbana, Cidade Azul e Shoot the Shit. A ideia é realizar ações para melhorar, revitalizar e ressignificar espaços públicos.

Na mesma tarde, teremos as apresentações dos projetos de dança Pélagos e Movimentarte e pocket shows do rapper Felipe Rima e com a cantora de dancehall Lei di Dai.

Já no dia 15, a escritora norte-americana Alexa Clay lança o livro “A Economia dos Desajustados”, que aborda o empreendedorismo de uma maneira inusitada.

Alexa Clay
Alexa Clay

Dentre os participantes da Red Bull Amaphiko Academy 2015, está o projeto Tem Açúcar?uma plataforma de empréstimos e doação de coisas entre vizinhos criada pela carioca Camila Carvalho. A iniciativa é uma forma de reduzir o excesso de consumo de produtos que podem ser compartilhados e também promove  encontros entre pessoas. Confira:

Outro empreendimento selecionado é o Saladorama, cuja missão é democratizar a alimentação saudável e capacitar profissionalmente quem mora nas comunidades do Brasil.

Já o projeto C.E.U (Centro de Escalada Urbana) promove saúde, cultura e consciência ambiental nos jovens da comunidade da Rocinha, fundado por Andrew Lenz, americano radicado no Brasil. Conheça:

PROGRAMAÇÃO AMAPHIKO FESTIVAL

Intervenções e oficinas // 14h às 17h
Acupuntura Urbana e Shoot the Shit
Cidade Azul
Pimpex
Jardino
Pocket shows // 17h30 às 19h
Pélagos e Movimentarte
Felipe Rima e Lei di Dai

Mais informações AQUI

Palestra na íntegra: “Urbanismo Open Source”, por Giselle Beiguelman

Nesta atividade promovida pelo Red Bull Basement, a artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Giselle Beiguelman discorreu sobre o conceito de urbanismo open source, uma proposta de transformação urbana mais colaborativa e aberta, com o uso das redes. Assista a palestra na íntegra:

Mostra sobre a estética do tecnobrega integra a programação do Sónar+D

As aparelhagens são peças fundamentais do tecnobrega, estilo musical que nasceu na periferia de Belém nos anos 2000, tornou-se um fenômeno do mercado fonográfico nacional e passou a ser visto não apenas como um ritmo paraense, mas como movimento cultural brasileiro.

Tratam-se de enormes equipamentos sonoros que fazem alusão a espaçonaves, com cabine de DJ, sistemas de luz, fumaça e telões de led, sempre caracterizadas pelos excessos de cor e brilho. Esta estética de ficção científica pitoresca atraiu a atenção de Thales Leite e resultou na série fotográfica “Área 51”, em exposição no Sónar+D, evento que integra a programação do Sónar São Paulo e acontece no Red Bull Station entre 25 e 28 de novembro.

O Águia de Fogo HD #1
O Águia de Fogo HD #1

O título da mostra faz referência ao código de comunicação de Belém e também à base militar americana “Área 51”, na qual, segundo ufólogos, o governo norte-americano esconde e estuda objetos voadores não identificados. Abaixo, o fotógrafo conta para a gente um pouco como nasceu o trabalho.

Você pode falar um pouco do projeto, como ele surgiu?
Sou fã de filmes de ficção científica e também do trabalho do fotógrafo alemão Thomas Struth, especialmente, uma série em que ele fotografa aceleradores de partículas, reatores nucleares, fábricas de ônibus espaciais. Uma espécie de inventário da “ficção científica que existe”. Sempre pensava em fazer algo nessa mesma linha, mas não fazia ideia do que. Quando conheci as aparelhagens de Belém, tive um estalo e comecei a criar a minha própria história de ficção científica. O título da exposição faz alusão a esta história que criei: um repórter que, em um furo de reportagem, descobre naves espaciais em Belém. 

Quando estive lá pesquisando para o projeto, conheci o Jairo Design, um dos principais artistas inventores de aparelhagens do Pará. Para a exposição do Oi Futuro [em 2014, no Rio de Janeiro], conversei com ele sobre fazermos um projeto em conjunto e trazer um pouco dessa “tecnologia alienígena” para a exposição. Bolamos então duas “molduras” feitas com o mesmo material das aparelhagens uma espécie de híbrido entre os nosso ofícios. 

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Vista da exposição Oi Futuro Ipanema, em 2014

Qual a importância da aparelhagem para o movimento tecnobrega?
Durante a minha pesquisa em Belém, todas as boates que visitei na periferia tinham uma aparelhagem. Algumas menores e não tão impressionantes, mas todas tinham pelo menos uma aparelhagem para o DJ se apresentar. Na verdade, poucos são os lugares que são exclusivamente de tecnobrega. Quase todas as festas e boates se caracterizam como “saudade” (festas de “flashback”,  com músicas famosas de décadas passadas para um público maior de 30 anos). Tecnobrega é um ritmo mais “consumido” por jovens, as aparelhagens são maiores, mais espetaculares e mais caras. 

Mesmo quando não é uma festa de aparelhagem, tem uma aparelhagem na festa. Elas já faziam parte da cultura paraense desde a década de 70; as festas de tecnobrega as colocaram em evidência. 

Sónar+D ocupa o Red Bull Station entre 25 e 28 de novembro

Criado em Barcelona (Espanha) em 1994, o festival Sónar chega a sua terceira edição no país. Com a proposta de criar novas tendências mundiais nos campos da música, criatividade e tecnologia, o evento traz, além dos aguardados shows, uma conferência internacional voltada à indústria tecnológica, criativa e artística: o Sónar+D, que acontece aqui no Red Bull Station nos dias 25, 26, 27 e 28 de novembro.

Com programação gratuita, a curadoria do Sonar+D é assinada por Hermano Vianna, Ronaldo Lemos e Alê Youssef e parte do conceito de “refazer”, no sentido de que tudo, na atualidade, está sendo e deve ser reconstruído – inclusive a vida na cidade, a relação com o dinheiro, o negócio da música e os hábitos do dia a dia.

Durante este período, o prédio será ocupado por diversas atividades como palestras e debates com três focos: espírito maker, startup e novos negócios da música. A Galeria Transitória, localizada no segundo andar do edifício, receberá a mostra de fotos Área 91, do fotógrafo carioca Thales Leite, que faz uma conexão entre as aparelhagens do tecnobrega e óvnis.

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O Poderoso Rubi Boy #1, foto de Thales Leite

Haverá também um ambiente dedicado a StartUps e um laboratório de inovação Maker Lab, com máquinas digitais, kits eletrônicos e bancadas de experimentação. Diariamente serão organizadas visitas guiadas ao Espaço Maker Sónar+D, bate-papos com empreendedores e pequenos workshops.

Os três primeiros dias do evento serão encerrados com um happy hour na Cafeteria. A ideia é que o local seja um espaço de convivência, para que os participantes possam se conhecer, estabelecer conexões e estender os assuntos abordados nos debates e palestras. O som ficará por conta de três ex-alunos da Red Bull Music AcademyMauricio Fleury (25/nov) Carrot Green (26/nov) e GrassMass (27/nov).

As palestras e debates estão com inscrições esgotadas, as demais atrações são abertas ao público.

Confira a programação completa do Sónar+D.

Giselle Beiguelman fala sobre arte, cidade e tecnologia

A artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Giselle Beiguelman vem ao Red Bull Station nesta quarta-feira (18) falar sobre urbanismo open source, uma proposta de transformação urbana mais colaborativa e aberta, com o uso das redes.

A artista  digital e professora da FAU-USP Giselle Beiguelman
A artista digital e professora da FAU-USP Giselle Beiguelman

A palestra integra a programação paralela da Residência do Red Bull Basement, programa de produção, pesquisa e difusão de projetos que exploram formas colaborativas de experimentação com mídias digitais e tem curadoria de Gisela Domschke. 

Aproveitando a sua visita, fizemos quatro perguntas sobre temas que permeiam arte contemporânea, espaço urbano e tecnologia.

São Paulo parece viver um momento de querer se reapropriar de sua cidade. O que mudou dos últimos tempos para cá?
Fizemos o download da internet, como disse o André Lemos. E isso nos permitiu tomar conta da arquiterface, eu diria. A rede somos nós. O desafio agora é aprender o “Do it Yourself  With the Others”, bem mais difícil que o individualista “DIY” (Do it Yourself, Faça você mesmo). 

Na sua visão, como as tecnologias digitais podem reinventar a forma de se viver na cidade hoje?
As cidades contemporâneas foram expandidas pelas tecnologias digitais. Elas permitiram a ocupação de fachadas com telas e acesso, via aplicativos, a informações que vão do fluxo do trânsito ao mapeamento de remoções decorrentes de obras públicas. Se, ao longo dos anos 1990, os especialistas discutiam como apropriar-se das redes para tornar a cidade mais interativa, hoje, com a capilarização da tecnologia, a aposta é em como utilizá-las para interferir no cotidiano das cidades.

A discussão sobre “cidades inteligentes” cede, assim, espaço para a de cidadania, reinventando as formas de ocupar as ruas e as próprias noções de política urbana. Não se trata mais de apenas planejar e regrar o espaço coletivo, mas, sim, de como mobilizar para que essas regras sejam fluidas o suficiente para constituir e reconstituir o uso comum, conforme as necessidades do momento.

Como você vê a cultura hacker?
Na perspectiva de André Gorz que em O Imaterial definiu os hackers como os “dissidentes do capitalismo digitalismo”, aqueles que são capazes de operar na sua infraestrutura e redirecionar os seus vetores e processos.

Você participa da mostra Arquinterface, que tem obras digitais projetadas a céu aberto, no prédio da Fiesp. Na sua opinião, a arte em locais públicos como esse pode servir como um gatilho para uma nova percepção do espaço urbano?
Com certeza. O espaço urbano  é um espaço de interconexão das redes on e off-line e de suas dimensões políticas, estéticas e socioculturais. Isso nos faz entender as cidades como expandidas e espaços emergentes e de emergência. Nesse contexto, a arquinterface torna-se um lugar não de interação com telas, mas com os dados no espaço público, um lugar de participação mediada e de configuração de um novo território de partilha simbólica e de percepção dos fluxos contemporâneos.

Saiba mais sobre a palestra que acontece hoje, às 20h, no Red Bull Station. Entrada livre

Paulo Saldiva contra as doenças urbanas

Médico patologista, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador, Paulo Saldiva é um dos maiores especialistas em poluição atmosférica e seus efeitos na saúde da população. Além de ser uma figura brilhante, que consegue encarar com otimismo e bom humor os graves problemas que a capital paulista enfrenta, mas sem abandonar uma posição crítica diante desses.  Continue reading “Paulo Saldiva contra as doenças urbanas”