Como as mídias digitais podem transformar os espaços urbanos e trazer melhorias para os habitantes da cidade? Este é o desafio proposto à primeira turma de residência do Red Bull Basement, programa que incentiva a produção, pesquisa e difusão de iniciativas que exploram o uso criativo e colaborativo de tecnologias digitais.
Desde setembro, os residentes Lucas Neumann, Pedro Belasco, Rodrigo Guerra, VJ Pixel e a dupla Mateus Knelsen e Paloma Oliveira vêm desenvolvendo projetos que relacionam-se com este tema. Na última terça (27 de novembro), aconteceu o Open Day, evento aberto público no qual os seis participantes abriram o lab no Red Bull Station e conversaram com os presentes sobre seus projetos em andamento.
Uma das propostas apresentadas é o Mapa Daqui, de Lucas Neumann, que nasceu da investigação sobre o movimentos de retomada e ressignificação dos espaços públicos, mobilidade, e processos colaborativos. Por meio desse, ele propõe um sistema colaborativo de sinalização para pedestres em centros urbanos. É um conjunto de placas e painéis que podem ser baixados, impressos e instalados pelos próprios cidadãos por um web app. Neles há, além de um mapa da região, espaços em branco para que a comunidade ao redor intervenha com informações interessantes do local.
Pedro Belasco está em um processo arqueológico de desenterrar, descobrir e mapear objetos técnicos da Santa Ifigênia, em São Paulo. Uma área na região central da capital que é conhecida por abrigar inúmeras lojas de produtos eletroeletrônicos, onde é possível encontrar peças raras e específicas. A partir de pesquisas de campo e de conversas com os comerciantes locais, ele irá fazer um levantamento de equipamentos encontrados e estudar um pouco da história e importância deste “canto” da cidade. O resultado será compartilhado em uma publicação.
O desenvolvedor Rodrigo Guerra elaborou duas propostas. A primeira, Sinta São Paulo, é uma pesquisa em duas frentes: presencial e online. A proposta o nome já diz: saber como as pessoas se sentem em espaços públicos da cidade, como terminais, bairros e ruas. Os dados coletados serão cruzados com outros relatórios já existentes, sobre violência e educação, e serão compartilhados em um site, ainda sob construção. A ideia é que ONGs e outras iniciativas tenham acesso à essas informações para implementarem em projetos sociais.
O segundo, Esquema da Rua, mobiliza a população a ajudar moradores de rua. A primeira etapa é a criação de um site no qual as pessoas poderão informar serviços e atividades que oferecem auxílios para quem vive nas ruas: pontos para tirar documentos, onde encontrar doações, meios para se inscrever em programas sociais, dentre outros. Separado por áreas da cidade de São Paulo, o mapa e o jornal informativo poderão ser impressos por qualquer pessoa e distribuído aos moradores.
O Bicilume, projeto em desenvolvimento pela dupla Matheus e Paloma, surgiu a partir de discussões fomentadas na residência e da troca com outras iniciativas. É um aparato de luz para ser acoplado em bikes, que se conecta a um app de celular e permite que o cicilista saiba da proximidade de outros ciclistas, permitindo que se contatem e possam combinar trajetos conjuntos. A ideia nasceu, principalmente, ao descobrirem que há um percentual muito baixo de mulheres ciclistas e de jovens de 14 a 25 anos que andam de bicicleta em São Paulo. A hipótese é que essas pessoas não se sentem seguras pedalando sozinhas. Portanto, o app e o aparto de luz que identifica os usuários entre si, poderá incentivar futuros ciclistas.
Por sua vez, o VJ Pixel resolveu unir dois projetos existentes que participa, o OpenDustMap, de monitoramento do ar e o Rede InfoAmazonia, de monitoramento de qualidade da água na Amazônia Brasileira. A proposta é fazer este monitoramento aqui em São Paulo, aperfeiçoar essas iniciativas e montar um site que integra estes dados.