10ª Residência Artística: Galeria Transitória

Os seis artistas selecionados para a 10ª Residência Artística do Red Bull Station inauguraram na quinta-feira (12.02) a primeira mostra como integrantes do programa.

Sob curadoria de Fernando Velázquez, Cezar Sperinde, Ícaro Lira, Lot Amorós, Pedro Cappeletti, Sara Não Tem Nome e Vanessa de Michelis expõem na galeria transitória trabalhos recentes e em processo. Esse espaço expositivo e de convivência funciona como um local de experimentações, onde eles podem exibir obras em desenvolvimento, acompanhar as pesquisas dos demais artistas e observar como as produções conversam entre si e com o ambiente.

O vídeo abaixo ilustra o processo de montagem e o evento de abertura da exposição, que contou com um pocket show de Sara Não Tem Nome, acompanhada por Wallace Costa, e com duas sessões da peça/performance sonora “A Tensão”, de Vanessa de Michelis.

A coletiva acontece no segundo andar do prédio e tem visitação gratuita. Devido ao caráter efêmero e “transitório” da Galeria não há previsão de término e a exposição deve ganhar novas formas longo da residência. Confira fotos

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Vanessa de Michelis A Tensão, 2014 performance / peça sonora para 6 rádios e  6 fontes de energia em 2 movimentos duração 15”
Vanessa de Michelis | A Tensão, 2014| performance / peça sonora para 6 rádios e6 fontes de energia em 2 movimentos | duração 15”

 

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Sara Não Tem Nome | Pocket show com Wallace Costa

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Cezar Sperinde | eretz brazilia, היליזרב ץרא, 2015 (em processo) | mixed media | dimensões variáveis

 

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Ícaro Lira | Desterro, 2014 | objeto, álbum e tecido | dimensões variáveis

 

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Ícaro Lira | Censo, 2015 (em processo) | instalação, papel e prego | dimensões variáveis

 

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Lot Amorós | Muro do ar, 2014 | escultura, 57 motores sem escovas, 57 hélices | 1 x 1,7m

 

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Pedro Cappeletti | Sem Título / Experimentação, 2015 | instalação, espuma de poliuretano, corda, concreto e ferro | 4 x 7 x 1,3m

Vídeo – retrospectiva da 9ª Residência Artística

Confira o vídeo sobre a exposição final da 9ª Residência Artística do Red Bull Station, formada por Amanda Mei, André Feliciano, Arthur Arnold, Daniel Lie, Gustavo Torres e Ricardo Reis, com curadoria de Paula Borghi.

O registro apresenta momentos finais dos seis ex-residentes, que ocuparam os ateliês do Red Bull Station de Setembro a Dezembro de 2014, e os trabalhos artísticos criados ao longo de doze semanas de pesquisas, trocas, experimentações e acompanhamento da curadora.

Entrevista com Karlla Girotto

Estilista de formação, artista e pesquisadora nas áreas de artes visuais, moda e performance, Karlla Girotto coordena o grupo de pesquisa e projetos em moda e design G>E (Grupo maior que Eu), sediado no Casa do Povo. Ela é nossa primeira convidada para trazer ao Red Bull Station seu grupo de estudos e replicar as suas dinâmicas de discussão e intercâmbio de forma aberta ao público.

Seus principais eixos de pesquisa são modos de existência como produção artística e as linhas fronteiriças entre performance, moda e vida nos processos de criação e produção de subjetividades.

Para conhecer mais a fundo os questionamentos e discussões abordadas no G>E, fizemos três perguntas à Karlla acerca do grupo e de suas pesquisas sobre as fronteiras da arte, moda e performance.


COMO VOCÊ COMEÇOU O GRUPO? QUAL O FOCO DELE?

Como fazer? De que jeito produzir? Como conduzir? Foram as perguntas iniciais que o G>E (lê-se Grupo maior que eu) suscitou em todos. O G>E é um grupo de estudos que começou no meu ateliê em setembro de 2013 quando fiz uma chamada pelo Facebook para um workshop de processo criativo (que iria durar 2 meses e agora já estamos em 18 meses). Como continuar potencialmente e criativamente vivo e atuante no mundo hoje – em sistemas que não permitem –  e como dosar essas relações de entrega de processos criativos são alguns dos questionamentos e inquietações que o G>E vem investigando.

Apareceram pessoas muito preciosas, especiais e os encontros passaram a ser uma coisa muito importante para cada um que chegava ali.

Esse processo de reflexão sobre o fazer de um artista (seja de qual natureza for) começou quando eu ainda trabalhava com moda. Eu nunca me encaixei no sistema nem na linguagem da moda e foi essa minha vivência que me levou a pensar: se lá não é possível, onde é possível então? (a criação, o fazer artístico). Passei a pensar que talvez viesse embutido num modo de vida, no dia-a-dia, não precisando necessariamente significar comércio, trajetória, carreira… De alguma forma, o G>E significou uma retomada de território nesse sentido, o de confabular outras possibilidades de produção e criação que não as dadas pelos meios de produção vinculados à demandas comerciais e, desse modo,  se fortalecendo como grupo e como processo.

Eu costumo dizer que o G>E não é sobre moda e processo criativo, é, principalmente, sobre como estar no mundo hoje, quase uma clínica – no sentido de estar sempre em busca de escavar as linhas de desejo e ação junto com cada um dos participantes. Quase todo mundo que apareceu no G>E é gente que vem de um processo de desgaste muito grande com a indústria e o sistema da moda. Na tentativa de entender o que fazer com a parte criativa, se deparam com a fragilidade que é perceber o próprio meio de criação e produção contaminados, mutilando saberes e fazeres. Entender essa fragilidade e acionar a potência que aí reside exige entrega é o que temos tentado fazer de forma intensiva e extensiva – estende-se a experiência no tempo e reforça-se o fazer por meio da ação, verbo agir, sem objetivo nem expectativas delirantes de entrega de produto/produção.

Através de leituras e materiais auxiliares, constrói-se territórios e subjetividades em uma dinâmica totalmente aberta e viva que une  materializações – textos produzidos, desenhos, pinturas, roupas, bordados, vídeos, fotografia, performances, festas, jantares e tudo junto e misturado.

ESTES ENCONTROS PROMOVERAM/PROMOVEM UMA TRANSFORMAÇÃO EM VOCÊ COMO PROFISSIONAL?

O G>E trabalha em três bases: a produção de pensamento (por meio de leituras de textos e o natural deslocamento que isso provoca na maneira em que enxergamos o mundo, a política, a economia, os modos de produção); a experiência estética/poética (desvinculando a produção estética de uma entrega imediatista, mercadológica e convocando as forças de produção da potência de vida, escavando as linhas de movimentação do desejo) e a organização de práticas e recursos (para que seja possível a manutenção da produção de pensamento em conjunto com a experiência estética/poética na vida cotidiana). Impensável seria que não tivesse deslocado meus territórios na mesma medida que o dos participantes. É no G>E que eu desenvolvo o fazer de todo dia. Hoje, além dos encontros, alguns integrantes do G>E dividem ateliê comigo na Casa do Povo e assim, alguma coisa vai sendo construída, transformada – é no dia a dia que tudo acontece. 

VOCÊ PODE DISCORRER UM POUCO SOBRE COMO A MODA, A PERFORMANCE E A ARTE SE COMUNICAM? 

É em outro território que se consegue vislumbrar certa comunicação entre moda, performance e arte – a criação e manutenção de subjetividades no dia a dia, como alguém produz a si e também ao mundo. 

É sutil e explicita fenômenos comunicacionais que se dão no cotidiano, construindo dramaturgias performáticas o tempo todo – na fila do banco, no metro, nas gôndolas do supermercado. Quem veste o que e quem coreógrafa quem? Tentativas de se moldar individualidades – de que jeito, gente!? Um grande sistema de trocas visíveis e invisíveis está em operação o tempo todo, de qual individualidade e identidade então estamos falando?

Não vejo como representação de um tipo de arte e performance vinculados ao sistema da arte e sim, algo que se dá e se dilui no cotidiano, no fazer das pessoas comuns e genéricas, nada singular, nada construído como “obra” – alias, esse conceito não caberia aqui, na maneira como eu vejo essa comunicação.
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O encontro acontece terça-feira (24/fev). A pedido da Karlla Girotto, recomendamos que os interessados leiam este texto antes do encontro.

Sujeito à lotação. Saiba mais

O programa Grupo de Estudos está previsto para acontecer uma vez por mês, às terças-feiras, no auditório do Red Bull Station.

Ryoichi Kurokawa

Ryoichi Kurokawa, Japão, 1978, vive e trabalha em Berlim. Trabalha principalmente com instalações, gravações e concertos. No seu trabalho se propõe a esculpir o tempo através do cruzamento de gravações de campo com processos digitais reconstruindo arquitetonicamente o fenômeno audiovisual. O seu trabalho foi apresentado em festivais internacionais e museus como a Tate Modern, a Bienal de Vença, Transmediale e Sonar. Em 2010, recebeu o prêmio Golden Nica do Prix Ars Electronica, na categoria Música Digital & Arte Sonora.

Sua obra Rheo: 5 horizons, de 2010, está exposta na Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI,. Consiste em uma instalação audiovisual inspirada na paisagem, na perspectiva do movimento, para criar uma experiência sinestésica de som e imagem. A obra, que obteve o prêmio Golden Nica do Ars Electronica em 2010, é composta por cinco monitores HD e cinco canais de áudio que funcionam de forma independente. As imagens produzidas digitalmente estão minuciosamente sincronizadas com gravações de campo, que associadas de forma minimalista revelam uma construção espacial complexa e de requintada beleza arquitetônica. O contraponto entre som e imagem e natureza e tecnologia, promovem uma escultura mutável e fluída. Rheo, que significa fluxo em grego, reflete sobre os ciclos vida como uma corrente de tempo e espaço que desafia os limites da percepção humana.

Ryoichi Kurokawa | Rheo: 5 horizons, 2010 (still frame)
Ryoichi Kurokawa | Rheo: 5 horizons, 2010 (still frame)

Rheo: 5 horizons – 2010
Instalação e 5 canais, 8’ loop
2010

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Donato Sansone

Formado na Academia de Belas Artes de Nápoles, também estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia de Turim onde se especializou na combinação de técnicas tradicionais e experimentais de animação. Seus trabalhos foram selecionados em festivais de cinema de animação como Annecy, Anima Mundi Brasil, Hiroshima, entre outros, e compartilhados em sites especializados como stashmedia.tv, creativeapplications.net, motiongraphics.nu, wired.com, Vimeo dentre outros. O seu video “videogioco” foi selecionado pela Cinemateca de Quebec como um dos 50 curtas que mudaram a história da animação.

Portrait, obra que integra a exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI, é uma obra que poderia ser definida como uma pintura animada, uma expressão que combina a prática da pintura, do vídeo e dos efeitos especiais. “Portrait” é uma visão fantástica e surreal de retratos humanos, que vem de uma representação mental do universo interior do artista, permeado por figuras grotescas e lúdicas visões da realidade.

 

Donato Samsone | Portrait, 2014 (still frame)
Donato Samsone | Portrait, 2014 (still frame)

Portrait
video, 2’51”
2014

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Luiz duVa

Luiz duVa é um artista experimental no campo da videoarte. Desenvolve, desde o início dos anos 1990, narrativas pessoais em vídeo, bem como uma série de experiências com videoinstalações e performances audiovisuais. duVa também é um dos criadores e o diretor artístico da Mostra Live Cinema, mostra de performances audiovisuais que acontece no Brasil anualmente desde 2007.

Em Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI o artista exibe a composição audiovisual Concerto para Laptop: o vídeo, de 2007.

A obra é o resultado da apresentação de uma composição audiovisual apresentada em uma performance multimídia, onde as imagens e os sons foram manipulados ao vivo e em tempo real. Trata-se de um ensaio poético que parte da livre interpretação de diferentes paisagens emocionais, extraídas da memória de pessoas anônimas, para através da sua rearticulação, que aconteceu ao vivo, propor uma análise das complexas relações entre o passado, o presente e a verdadeira realidade dos acontecimentos.

Luiz duVa | Concerto para Laptop: o vídeo, 2007 (still)
Luiz duVa | Concerto para Laptop: o vídeo, 2007 (still)


Concerto para laptop: o vídeo
composição audiovisual, performance, vídeo, 19′
2007

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Transforma

Transforma foi criado em 2001 por Luke Bennett, Baris Hasselbach e Simon Krahl. Produzem vídeos, trabalhos sonoros e audiovisuais, instalações, cinema ao vivo e performances. Colaboram  com músicos como Apparat, Dieter Meier, Alex Banks, Chloé, e com o diretor teatral Sebastian Hartmann, a coreógrafa Sonia Mota e o artista Yro. O grupo já se apresentou em festivais como o KW Institute for Contemporary Art, Moscow International Biennial for Young Art, FAD Festival de Arte Digital, Art.Ware Festival, Sequences Festival, CTM Festival, Todays Art e no Deutsches Theater.

O coletivo apresenta a obra Graete (2014) na exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI. 

Graete é uma viagem no tempo. Na primeira imagem, humanos pré-históricos alimentam uma fogueira no interior de uma caverna. Na última imagem, um homem contemporâneo analisa a mesma fogueira com equipamentos dos dias de hoje. No processo um graveto ou uma pedra passam a ser reconhecidos como ferramentas, da mesma forma que uma câmera ou um canhão de luz.

Transforma | Graete, 2014
Transforma | Graete, 2014 (still frame)

Graete
Registro de performance, 19′
2014

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Susi Sie

Susi Sie (1982) é uma artista que vive em Berlim, cujo trabalho se move entre os campos da arte e da ciência. No seu trabalho explora a natureza física e matemática das formas, substâncias e materiais, na busca da sua essência, beleza e magia.

Ela está presente na exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI com as obras Cynmatics, de 2014 e  Silk, de 2013. São ensaios sobre a percepção nos quais a artista busca fazer visíveis as propriedades invisíveis da matéria. Ambos foram realizados estritamente com recursos analógicos.

Susi Sie |Cynmatics, 2014 (still frame)
Susi Sie |Cynmatics, 2014 (still frame)
Susi Sie | Silk, 2013 (still frame)
Susi Sie | Silk, 2013 (still frame)

Cymatics
Vídeo, 1’19”
2014

Silk
Video, 1’28”
2013

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Semiconductor

Semiconductor é um duo do Reino Unido formado por Ruth Jarman e Joe Gerhardt. Em suas obras, exploram a natureza material do mundo pelas lentes da ciência e da tecnologia, questionando como eles mediam nossas experiências. Entre suas exposições e exibições se destacam Let There Be Light, House of Electronic Arts, Basel; Worlds in the Making, FACT, Liverpool; Da Vinci: Shaping the Future, ArtScience Museum, Singapura; Field Conditions, San Francisco Museum of Modern Art; Earth; Art of a Changing World, Royal Academy of Arts, Londres; International Film Festival Rotterdam; New York Film Festival; Sundance Film Festival and European Media Art Festival.

Eles participam da exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI com o trabalho Magnetic Movie, de 2007.

Nesta ação que acontece nos laboratórios de ciências espaciais da NASA, em Berkeley, a vida secreta dos campos magnéticos são reveladas como geometrias caóticas e em constante mudança ao mesmo tempo em que se ouvem cientistas falando sobre as suas descobertas. O vídeo nos deixa em dúvida, estaríamos observando uma série de experimentos científicos, o fluxo do universo, ou um documentário de ficção?

Semiconductor | Magnetic Movie, 2007 (still frame)
Semiconductor | Magnetic Movie, 2007 (still frame)

Magnetic Movie
Video 4’47”
2007

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Santiago Ortiz

Santiago Ortiz  é o mentor do projeto Moebio Labs. Matemático, cientista de dados, inventor. Cria e desenvolve projetos inovadores e interativos para a web com ênfase na visualização de dados e mapas de conhecimento. A natureza e seus padrões complexos são o alicerce da sua obra.

Sua obra Love is patient integra a exposição Adrenalina – a imagem em movimento no século XXI

O cérebro humano tem a capacidade de reconhecer padrões de diversa natureza, desde abstrações geométricas e rítmicas até outros de natureza complexa como as emoções de um rosto humano. Este trabalho a apresenta um híbrido de ambos expondo o cérebro a uma armadilha perceptiva a partir da combinação do algoritmo de Voronoi (que pega um conjunto de pontos e constrói um polígono para cada um, garantindo que as extremidades entre cada par fiquem no meio), com a série de fotografias “Exteriors” de Kelly Castro.

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Love is patient
net art
2009

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