Antônio Ewbank, Janaina Wagner, Júlio Parente, Maura Grimaldi, Martin Reiche e Tomaz Klotzel apresentam em mostra coletiva parte das pesquisas e projetos desenvolvidos durante quatro meses como integrantes do programa de Residência Artística. Aberta ao público no sábado (31 de outubro), a exposição fica em cartaz até 21 de novembro.
Para o curador e diretor artístico do Red Bull Station, Fernando Velázquez, foram tempos de investigação, produção e intercâmbio intenso. Além do aprofundamento das pesquisas individuais e das trocas entre si, o grupo teve nesse período visita dos curadores Galciani Neves e Christine Melo e dos membros do juri que participaram da seleção: Lucas Bambozzi e Renan Araújo.
Uma novidade nesta edição, foi a convivência com os residentes do Red Bull Basement, programa que incentiva a produção, pesquisa e difusão de iniciativas que exploram o uso criativo e colaborativo de tecnologias digitais.

Com visitação gratuita, a exposição ocupa diferentes espaços do edifício: as galerias principal e transitória, o subsolo e os ateliês dos artistas.
Antônio Ewbank trabalha sempre com parceiros, em parte por gostar do convívio, mas também pelo desafio de lidar com outras perspectivas. A materialização do seu pensamento em obra se apresenta como uma experiência particular, já que o desafio de dar sentido ao conjunto costuma levar ao fracasso. Na coletiva, ele apresenta trabalhos desenvolvidos com o projeto AcE.

Por sua vez, Janaina Wagner pesquisa as diversas formas de transformação da natureza decorrentes da ação do homem, no desejo em domesticá-la. A noção de progresso traz consigo um embate entre natureza e civilização que coloca em evidência situações e processos paradoxais, por vezes bizarros, que funcionam como combustível para sua pesquisa. Quanto mais o homem domina a natureza mais se distancia dela e, para a artista, é nessa busca pelo domínio do incomensurável que o ser humano manifesta a sua essência.


Júlio Parente investiga a relação entre natural e artificial em obras em que a representação da natureza é transfigurada por artifícios tecnológicos. Revisitando estéticas passadas com recursos visuais simples aliados à técnica do “vídeo-mapping”, o artista cria ambientes e instalações não narrativas, nas quais desenha experiências sensoriais.
Sua prática tem uma característica multidiciplinar; Júlio transita da cenografia a arte em espaços públicos. “Cheguei com uma bagagem variada, mas sem muita experiência no circuito de galerias e museus. Durante a residência, meu trabalho artístico foi ganhando corpo e comecei a desenvolver uma pesquisa de transformar espaços da galeria em lugares imersivos”, ele conta.
“A arte conceitual tem uma espécie de enigma a ser desvendado, como um jogo de perguntas e respostas que vai além da sensação do trabalho. Não me interesso por isso, e sim pela experiência do espectador, em imergi-lo em uma atmosférica mais onírica, mais poética, sem propor um lugar para chegar- não existe um conceito que irá destrancar a obra”, completa.


Martin Reiche é formado em ciências da computação, possível razão do seu interesse pelo “virtual”, entendido como o fluxo e tráfego de dados. Sua pesquisa indaga a carga conceitual, política e estética deste fenômeno contemporâneo que tem ganhado as mais diversas formas: dos cabos de fibra ótica que atravessam o planeta filtrando e distribuindo informações até as interfaces de controle remoto de veículos de guerra não tripulados.


Maura Grimaldi deu continuidade a sua investigação acerca da fotografia e da imagem projetada. Em sua produção atual convergem e dialogam três interesses específicos: a conceituação de imagem, o universo da linguagem técnica: os processos envolvidos na sua concepção, produção e reprodução e a imagem como experiência mágica e reveladora.
“O período de residência propiciou metodologias de pesquisas diversas para analisar esses três campos e suas práticas, como experimentações químicas em laboratório, construções de maquinários, visitas a centros espirituais importantes no Brasil, produção de materiais fotográficos, gráficos e sonoros, aprofundamento em obras literárias, dentre outros”, afirma a artista.

controle para três projetores e sistema de reprodução de imagens em diapositivos.
A pesquisa de Tomaz Klotzel se expande na articulação de três tópicos principais: tempo, morte e rito. Interessam-lhe especialmente as diversas maneiras de entender e representar o tempo, seja voltando a lugares da infância ou inventariando a história familiar. Seus rituais introspectivos manifestam camadas de experiência/memória, arqueologia pessoal que busca dar novo sentido a objetos e coisas.

Objetos recolhidos em sítio arqueológico. Cristais, espelhos, lanternas, mancebos adaptados, turmalina
negra.


FOTOS: LOST ART/ RED BULL CONTENT POOL